Quem não precisa de dormir muitas horas para enfrentar o dia seguinte pode ter uma mutação genética rara que afeta apenas quatro em cada 100 mil pessoas, sugere um estudo publicado na revista científica Neuron. É a segunda mutação genética identificada pelos cientistas que parece ter influência na quantidade de sono que alguém precisa de cumprir para se sentir revitalizado. Se não tem de dormir mais de seis horas para se sentir bem, então pode mesmo possuir esta mutação rara.

Esta alteração genética foi encontrada no gene ADRB1, que regula, por exemplo, a frequência cardíaca em repouso e a hipotensão ocular. Segundo a revista Science, este gene codifica a ativação de um recetor chamado β1-receptor adrenérgico, que recebe uma molécula semelhante à serotonina ou à adrenalina que influencia o humor, a ansiedade e o sono — a noradrenalina.

Nas experiências feitas em laboratório com ratos, uma mutação neste gene fez com que os neurónios do tronco cerebral responsáveis pela vigília se tornassem mais ativos. As cobaias alteradas geneticamente para ter esta mutação tinham, em média, menos uma hora de sono do que os ratos do grupo de controlo. Como o comportamento de sono dos ratos se provou semelhante ao dos humanos, os cientistas concluíram que os resultados registados nos ratos podem ser transpostos para os humanos — embora sejam precisos mais estudos de confirmação.

Já em 2009, outro estudo científico tinha descoberto que havia uma relação entre as horas de sono de uma pessoa com uma mutação no gene DEC2. Esse pedaço de informação genética ordena a produção de uma proteína que inibe a expressão de outros genes, como os responsáveis pela hipocretina, um neurotransmissor que regula a excitação, a vigília e o apetite. A hipocretina está relacionada com a capacidade de gerir as horas de sono. Quem tem uma mutação nesse gene parece precisar de menos horas para se sentir revitalizado.

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