Entre uma semana em que viu Cristiano Ronaldo perder o prémio de Avançado do Ano para Lionel Messi e o prémio de Jogador do Ano para Virgil Van Dijk, a Juventus ficou a saber que vai reencontrar o Atl. Madrid na Liga dos Campeões, desta vez na fase de grupos, depois da eliminatória dos oitavos de final do ano passado em que o hat-trick do jogador português anulou a vantagem colchonera conquistada em Espanha. Além do conjunto de João Félix, a equipa italiana vai defrontar o Lokomotiv Moscovo e o Bayer Leverkusen, num grupo que se torna acessível e onde a verdadeira batalha se vai travar entre os dois primeiros lugares.

Entretanto, e mesmo que em Turim já só se pense no início da liga milionária e no início de uma nova tentativa de conquistar o troféu que escapa há mais de 20 anos, a Juventus recebia este sábado o Nápoles, a única equipa que tem dificultado de alguma forma os objetivos dos bianconeri em Itália. No jogo grande da segunda jornada da Serie A, Cristiano Ronaldo procurava o primeiro golo da temporada a nível oficial — depois de ter ficado em branco na vitória do arranque da Liga, perante o Parma de Bruno Alves — e a Juventus queria somar a segunda vitória consecutiva para começar a cimentar aquele que pode ser o nono título nacional consecutivo. Chiellini, o veterano central e capitão de equipa, lesionou-se gravemente no joelho durante a semana e vai ser operado — naquela que deve revelar-se uma ausência prolongada do italiano e uma boa notícia para De Ligt, o jovem central holandês contratado ao Ajax por 75 milhões de euros que confessou, após o jogo com o Parma, que não estava à espera de ser suplente.

Novamente sem Maurizio Sarri no banco, já que o treinador italiano continua a recuperar de uma pneumonia, a Juventus entrava em campo com o mesmo onze que bateu o Parma — à exceção então de Chiellini, que dava o lugar a De Ligt. Do outro lado, Carlo Ancelotti colocava Fabián Ruis nas costas de Mertens, Insigne no corredor direito e Callejón no oposto, com Allan e Zielinski no espaço intermédio. À passagem do primeiro quarto de hora, a Juventus foi confrontada com outra lesão no setor defensivo, já que o lateral De Sciglio se lesionou depois de um lance com um jogador do Nápoles e acabou por ser substituído por Danilo. A entrada do brasileiro, porém, seria o desbloqueador de que o jogo estava a precisar: segundos depois de entrar, na primeira vez que tocou na bola tanto na partida como enquanto jogador da equipa italiana, já que ainda não se tinha estreado, Danilo surgiu na zona da marca de penálti e aproveitou um passe de Douglas Costa para inaugurar o marcador (16′).

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Apenas quatro minutos depois, Gonzalo Higuaín apareceu no interior da grande área a apontar um golo de elevada dificuldade técnica e aumentou a vantagem da Juventus perante o Nápoles (19′), naquilo que parecia o jogo da revolta dos injustiçados: Danilo, que acabou envolvido no negócio da ida de João Cancelo para o Manchester City, marcou na estreia numa altura em que não parece ter muito espaço na equipa italiana; e Higuaín, que parece ser o eterno dispensável e não assentou arraiais nem no Real Madrid, nem no AC Milan nem no Chelsea, é agora o avançado titular de Sarri e deixa Mandzukic e Dybala no banco.

Na segunda parte, e depois de ter ficado em branco na partida com o Parma, Cristiano Ronaldo estreou-se a marcar em jogos oficiais esta temporada ao aproveitar a segunda assistência de Douglas Costa na partida, ao atirar um remate de pé esquerdo em arco (62′): o jogador português, nos festejos, fez o gesto que os árbitros normalmente fazem quando consultam as imagens do VAR, em referência ao golo que marcou na semana passada e que foi anulado. A ganhar por três golos de diferença em casa perante o principal adversário direto, a Juventus parecia ter todas as ocorrências controladas — mas o melhor ainda estava por vir. Em dois minutos, um golo do reforço Manolas (66′) e outro do também reforço Lozano (68′) relançaram o encontro, apanhando a equipa de Cristiano Ronaldo totalmente de surpresa. A menos de dez minutos do apito final, Di Lorenzo empatou o jogo (81′) e os jogadores do Nápoles correram para o próprio meio-campo para apressar o recomeço do encontro: afinal, sem em 20 minutos podiam anular uma desvantagem de três golos frente à Juventus, também podiam marcar o golo da vitória em menos de dez.

O inacreditável, porém, tinha sido dividido pelos dois lados e não se restringia a favorecer o Nápoles. No segundo minuto dos três de descontos, numa altura em que parecia que o empate seria o resultado final de um jogo totalmente imprevisível, Koulibaly desviou um cruzamento de Pjanic ao primeiro poste e traiu Meret, assinando o autogolo que acabou por dar a vitória à Juventus (90+2′). O central senegalês, que na reta final da temporada 2017/18 marcou o golo que deu a vitória ao Nápoles perante a Juventus e colocou o título nacional à mercê de uma equipa que na altura era de Maurizio Sarri, é agora o autor do golo que destruiu uma remontada impressionante do conjunto de Carlo Ancelotti.