Mais de mil opositores ao regime russo realizaram este sábado uma marcha não autorizada pelas ruas de Moscovo, pedindo eleições livres e a libertação de ativistas que foram detidos em comícios, mas a polícia não atuou contra os manifestantes.

A Comissão Eleitoral de Moscovo aceitou 233 candidatos, mas negou o registo a 57, incluindo vários líderes de movimentos de oposição ao regime, para as eleições legislativas que se realizam no próximo dia 08 de setembro, provocando a indignação de muitos críticos do Presidente, Vladimir Putin, que têm usado as ruas da capital para se manifestar.

“A Rússia será livre!”, “Putin, ladrão!” ou “Liberdade para os presos políticos!” foram alguns dos ‘slogans’ gritados hoje numa marcha convocada pelo Fundo de Luta contra a Corrupção, cuja líder, Liubov Sóbol, se tornou um dos mais visíveis rostos da oposição (apesar de a sua candidatura ter sido uma das rejeitadas pela Comissão Eleitoral).

A manifestação não foi autorizada pelas autoridades russas, ainda assim a polícia não interveio contra os ativistas.

“Esta é uma vitória da sociedade civil”, afirmou Sóbol, ao comentar a ausência do dispositivo policial durante a marcha que desembocou na praça Pushkin, no centro de Moscovo, onde estiveram presentes cerca de mil pessoas.

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Os manifestantes exibiram uma faixa onde se referia o artigo 31 da Constituição russa, que defende o direito dos cidadãos a manifestarem-se de forma pacífica.

“Ficou demonstrado que quando a Guarda Nacional e a polícia não atuam, as marchas acontecem em calma e paz, e não incomodam ninguém”, escreveu Alexei Navalni, fundador do FFDK, um dos mais relevantes partidos da oposição, na sua conta da rede social Twitter.

Navalni recuperou a liberdade, na semana passada, depois de cumprir uma pena de 30 dias de prisão, por ter convocado uma outra manifestação não autorizada, em 27 de julho, que foi dissolvida prontamente pela polícia.

“O significado mais importante destas manifestações é que elas provam que as pessoas perderam o medo”, disse Sergey Mitrojin, do partido liberal Yábloko, em declarações à estação de vídeo ‘online’ TVRain.

Mitrojin, a quem inicialmente foi negado o registo de candidatura, conseguiu, por recurso aos tribunais, ver o seu nome nos boletins de voto para as eleições legislativas de 08 de setembro.