O furacão Dorian chegou às Bahamas pelas 12h40 horas locais (17h40 de domingo em Portugal continental) e provocou cinco mortos nas ilhas Ábaco, segundo o primeiro-ministro daquele país, deixando um rasto de destruição. O furacão Dorian enfraqueceu esta terça-feira para uma tempestade de categoria 2, enquanto continua a atingir o arquipélago das Bahamas, anunciou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).

Segundo o NHC, a velocidade dos ventos do Dorian diminuiu para perto de 175 quilómetros por hora (km/h). No entanto espera-se que continue a ser um poderoso furacão nos próximos dias. O Dorian está localizado cerca de 70 quilómetros ao norte da cidade de Freeport, nas Bahamas, e dirige-se agora lentamente para noroeste a uma velocidade de 4 km/h, podendo atingir o estado norte-americano da Florida.

Na manhã desta terça-feira, o furacão continuou a atacar a ilha de Grande Bahama, permanecendo na mesma posição por mais de 12 horas.

Hubert Minnis, primeiro-ministro das Bahamas, fala num “tragédia histórica”. O governante referiu ainda duas dezenas de feridos, bem como pessoas na ilha próxima Grande Bahama em sérias dificuldades. As equipas de resgate já estão nas ilhas Ábaco com helicópteros para evacuar os feridos e levá-los para Nassau. As equipas de emergência estão a ter dificuldades em responder a todos os pedidos de ajuda devidos às rajadas intensas.

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“O Furacão Dorian ainda está a afetar a ilha de Grande Bahama e vai continuar lá por várias horas”, disse o governante. E apelou aos cidadãos cujas casas não foram afetadas a acolherem pessoas que necessitem de abrigo.

O Dorian deverá chegar à costa leste dos EUA esta terça-feira. Durante a madrugada Donald Trump declarou esta segunda-feira o estado de emergência para a Geórgia, Carolina do Norte e Carolina do Sul. O governador da Virgínia seguiu-lhe o exemplo e declarou o estado de emergência naquele estado norte-americano. Na madrugada desta terça-feira, já se registavam inundações em Miami.

Trump já tinha aprovado a declaração de emergência para o estado da Florida na sexta-feira, devido à proximidade do furação, que na ocasião atingia a categoria 5, a máxima na escala Saffir-Simpson. A declaração do estado de emergência facilita a disponibilização de fundos governamentais para desastres. Com esta medida, Trump autoriza o departamento de Segurança Nacional e a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) a coordenar todos os esforços se assistência para desastres com o objetivo de minorar as consequências da intempérie.

Os condados de Palm Beach até Nassau, na fronteira entre a Georgia e a Florida, “emitiram ordens de evacuação”. “Falei esta manhã com o presidente Trump. Reiterou que vai disponibilizar os recursos de que precisamos” afirmou o governador da Florida, Ron DeSantis.

Várias localidades já tiveram de ser evacuadas, com centenas de pessoas a procurar abrigo em escolas e igrejas. Segundo um comunicado da Cruz Vermelha, 13.000 casas ficaram completamente destruídas ou danificadas devido aos ventos que ultrapassaram os 300 quilómetros por hora e há a “necessidade urgente” de água potável, assistência sanitária e apoio económico a curto prazo.

19 milhões de pessoas vivem nas zonas que poderão ser afetadas pela intempérie e um número estimado de até 5.000 pessoas na Florida, Geórgia e Carolina do Sul poderão vir a precisar de abrigo de urgência em função do impacto dos ventos e chuvas, adianta a Cruz Vermelha.

“Não temos ainda uma imagem completa do que aconteceu. Mas é claro que o furacão Dorian teve um impacto catastrófico”, declarou Sune Bulow, chefe do centro de operações de emergência da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR).

Os números de emergência em Freeport, na ilha de Grande Bahama, não estão a funcionar. Uma organização local publicou nas redes sociais um pedido de ajuda, revelando que pessoas e animais estão presas num abrigo. “Há seis pessoas num abrigo em Coral Road que precisam imediatamente de ajuda, porque a água echega-lhes ao pescoço. Estamos a ligar para todos os números mas por favor partilhem”, lê-se num post.

Asking for immediate help from rescuers- please spread the word. There are 6 people in the shelter on Coral Road that…

Posted by Humane Society Of Grand Bahama on Monday, September 2, 2019

No domingo, a força máxima do vento atingiu os 297 km/h, com rajadas de até 354 km/h, tornando-se o furacão atlântico mais potente a atingir terra. Já esta segunda-feira, a velocidade máxima dos ventos baixou ligeiramente para 265 km/h e o furacão dirige-se agora para a Florida e para a costa dos Estados Unidos. De acordo com o centro nacional de furacões dos Estados Unidos (NHC), o Dorian é já o “furacão mais violento da história moderna no noroeste das Bahamas”.

A destruição já se fez sentir em partes do arquipélago, com casas destruídas, como comprovam imagens partilhadas nas redes sociais. O furacão terá até feito uma primeira vítima mortal: um rapaz de sete anos, segundo conta a televisão das Bahamas EyewitnessNews, citando a avó da criança. Também a Bahamas Press fala num rapaz que se terá afogado nas ilhas Ábaco e cuja irmã também estará desaparecida.

Pelo menos sete hospitais na Florida tiveram de ser evacuados. A Cruz Vermelha norte-americana está a pedir doações de sangue e contribuições monetárias. Cerca de 2.600 pessoas procuraram refúgio em 60 abrigos comunitários e da Cruz Vermelha na Florida. O aeroporto Internacional de Orlando, na Florida, vai encerrar a partir de terça-feira pelas 2h00 hora local (7h00 em Portugal continental).

Primeiro-ministro das Bahamas em choque: “Como médico fui treinado para lidar com muitas coisas, mas nunca para isto”

Por este ser um furacão de categoria 5, já era sabido que podia causar grande destruição. “Os residentes [nas Bahamas] devem abrigar-se imediatamente”, tinha alertado o Centro Nacional de Furacões. A entidade avançou ainda que, pelas 14h (19h em Portugal continental) de domingo, o Dorian passava pelas ilhas Ábaco, nas Bahamas, dirigindo-se “com toda a fúria” para a ilha de Grande Bahama. Segundo a CNN, é já o furacão mais forte de sempre a atingir as Bahamas.

Na Florida houve uma corrida aos supermercados (GETTY)

O primeiro-ministro das Bahamas, Hubert Minnis, já confirmou que as ilhas Ábaco foram fortemente atingidas, dizendo que ali já não é possível “distinguir onde começa a rua e onde começa o oceano”. “Este é provavelmente o dia mais triste e o pior dia da minha vida”, confessou o líder. “Quero dizer que, como médico, fui treinado para lidar com muitas coisas, mas nunca para nada como isto”, disse, citado pelo Guardian.

O correspondente da CNN na Grande Bahama relatou o terror que ali se sente: “Os ventos são tão fortes que parecem o motor de um avião”, explicou Patrick Oppmann. “É preciso imaginar que as pessoas que estão nas suas casas não têm luz, não têm informação, não têm televisão, talvez estejam a ouvir a rádio — deve ser assustador.”

[Nas redes sociais, circulam já vídeos que mostram inundações nas ruas:]

[Há já casas afetadas pela chuva intensa e o vento forte:]

No norte das Bahamas, os hotéis encerraram e os residentes estão a ser encaminhados para as áreas baixas das ilhas. O governo local está a montar abrigos, em igrejas e escolas, que estão a ser abertos ao longo do dia. O porta-voz do governo, Kevin Harris, avançou que é estimado que o Dorian tenha impactos sobre 73 mil residentes de 21 mil casas.

Entretanto, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários já revelou ter destacado pessoal para Nassau, nas Bahamas, para dar apoio na resposta ao impacto do Dorian. O meteorologista e colunista Eric Holthaus afirmou, igualmente no Twitter, que o Dorian é o furacão que mais rapidamente passou da categoria 4 ao nível máximo na escala desde que há registos.

São os ventos mais fortes desde 1935

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apelidou o Dorian de “um dos maiores furacões que já vimos”, garantindo que está a acompanhar a situação. “Não sabemos onde vai chegar, mas temos uma ideia”, disse aos jornalistas. Mais tarde, acrescentou: “Nem sequer sabemos o que nos espera. Tudo o que sabemos é que é possivelmente o maior [furacão]. Não tenho a certeza de alguma vez ter ouvido falar de um furacão de categoria 5.”

“Uma maré capaz de ameaçar vidas e ventos fortes são esperados ao longo de partes da costa este da Florida até meio da semana, e os respetivos alertas estão em vigor. Um pequeno desvio para a esquerda da previsão oficial poderia levar o núcleo do Dorian para perto ou sobre a costa este da Florida”, pode ler-se numa mensagem do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, que assinala que os ventos são os mais fortes registados desde 1935.

A instituição, que tem partilhado desenvolvimentos do furacão de categoria 5 (o máximo na escala) na rede social Twitter, acrescenta que “há uma probabilidade crescente de que ventos fortes e uma maré de tempestade perigosa atinjam as costas da Geórgia, da Carolina do Sul e da Carolina do Norte no final desta semana”.

O governador da Geórgia ordenou a evacuação de toda a costa do estado norte-americano. Num comunicado divulgado no Twitter, Brian Kemp explicou que a ordem executiva cobre todas as localidades situadas a leste do corredor atravessado pela principal rodovia interestadual da costa atlântica da Geórgia.

Horas antes, o governador da Carolina do Sul, Henry McMaster, também ordenara uma evacuação obrigatória de toda a costa daquele estado, que poderá vir a ser atingido pelo furacão ao longo da semana. A ordem abrange cerca de um milhão de pessoas.

Mais de 1.300 voos com partida ou chegada aos Estados Unidos foram cancelados. Segundo o The Guardian, espera-se que mais 1.000 sejam cancelados esta terça-feira.

[Em atualização]