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Uma pausa de 45 segundos para M&M, Marega e Marcano (a crónica do FC Porto-V. Guimarães)

Este artigo tem mais de 4 anos

O FC Porto ganhou outra vez, ganhou por três golos de diferença mas voltou a não convencer. E deixou Sérgio Conceição a pensar no que teria acontecido se tudo não tivesse mudado logo aos 45 segundos.

O avançado maliano bisou e marcou pelo segundo jogo consecutivo
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O avançado maliano bisou e marcou pelo segundo jogo consecutivo

AFP/Getty Images

O avançado maliano bisou e marcou pelo segundo jogo consecutivo

AFP/Getty Images

“Isto não quer dizer que o Benfica não é fortíssimo e que nós ontem éramos os piores e hoje somos os melhores”. A frase, como é fácil perceber, é de Sérgio Conceição. Foi proferida há mais de uma semana, na sala de conferências de imprensa do Estádio da Luz, e tinha como objetivo garantir que o FC Porto não iria entrar em euforias — mesmo tendo vencido na casa do rival direto, mesmo tendo vencido de forma inequívoca, mesmo tendo ultrapassado um período de crise que culminou na eliminação no playoff da Liga dos Campeões. Para Sérgio Conceição, os jogadores dos dragões nunca foram os piores e também não eram agora os melhores — este domingo, contra o V. Guimarães, eram precisamente os mesmos.

De forma natural, o treinador do FC Porto repetia o onze que jogou na Luz e também aquele que goleou o V. Setúbal no Dragão na semana anterior: de forma assumida, Sérgio Conceição parecia deixar subentendido que encontrou aquela que vai ser a equipa-tipo ao longo da temporada, com os reforços Marcano, Uribe, Luis Díaz e Zé Luís, para além do jovem Romário Baró, a pegarem de estaca na titularidade. Nakajima, que falhou o clássico por ter sido autorizado a viajar até ao Japão para assistir ao nascimento da filha, voltou aos trabalhos esta quinta-feira mas ainda não entrava na convocatória.

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Ficha de jogo

FC Porto-V. Guimarães, 3-0

4.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)

FC Porto: Marchesín, Corona, Pepe (Mbemba, 44′), Marcano, Alex Telles, Baró (Otávio, 77′), Danilo, Uribe, Luis Díaz, Zé Luís (Soares, 77′), Marega

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Bruno Costa, Manafá, Fábio Silva

Treinador: Sérgio Conceição

V. Guimarães: Miguel Silva, Sacko, Tapsoba, Bondarenko, Rafa Soares, Al Musrati (João Carlos Teixeira, 39′), Poha (Florent, 82′), Pêpê (Pedro Henrique, 5′), Rochinha, Davidson, Evangelista

Suplentes não utilizados: Douglas, João Carlos Teixeira, Lucas, André Almeida, Bruno Duarte

Treinador: Ivo Vieira

Golos: Marega (14′ e 90+3′), Marcano (88′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Pedro Henrique (12′), Corona (17′), Luis Díaz (32′), Sacko (53′), Marcano (71′), Davidson (79′); cartão vermelho direto a Tapsoba (1′) e a Davidson (79′)

Perante o V. Guimarães, que ainda não ganhou na Primeira Liga mas também ainda não perdeu, o FC Porto tinha a possibilidade de ficar a um ponto da liderança e do Famalicão, beneficiando da derrota do Sporting com o Rio Ave e ficando à espera do resultado do Benfica, que tinha uma deslocação complicada a Braga. Tudo isto, trocado por miúdos, queria dizer que no espaço temporal de pouco mais de duas semanas o FC Porto podia passar de imerso numa crise que apareceu com aviso de receção a exemplo de reconstrução e renovação, entre reforços e jogadores das camadas jovens, depois de ter perdido vários titulares indiscutíveis. Mas tudo isso estava dependente de uma vitória contra uma equipa que na temporada passada impôs uma derrota aos dragões que acabou por ser crucial nas contas finais do título.

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Vitória essa que se tornou mais simples, em teoria, apenas 45 segundos depois de Carlos Xistra apitar para o início da partida. Marega foi lançado em velocidade na esquerda e quando e entrava na grande área, com a bola controlada, foi carregado em falta por Tapsoba. Antes de estar cumprido um minuto de jogo, Xistra não teve dúvidas e mostrou o cartão vermelho direto ao central do Burkina Faso, que deixou a equipa de Ivo Vieira reduzida a dez elementos praticamente desde o início do jogo. O treinador vimaranense reagiu com a entrada de Pedro Henrique, sacrificando Pêpê, para tentar voltar a equilibrar o sistema tático e a verdade é que o V. Guimarães não adotou a típica postura de equipa a jogar em inferioridade numérica perante um “grande”, já que não se encerrou no próprio meio-campo e Ivo Vieira repetiu diversas vezes ao longo da primeira parte que queria que Miguel Silva batesse os pontapés de baliza de forma curta, para que os lances fossem construídos a partir de trás, ao invés de o fazer à maneira longa e despejar bolas na frente.

Ainda assim, o FC Porto acabou por chegar de forma natural ao golo inaugural, através de uma jogada que começou a partir de trás, em Pepe, e que derivou para o corredor direito e para Corona, que soltou um cruzamento largo à procura de Marega. O avançado maliano surgiu sem oposição, recuperou de uma receção pouco feliz e ainda foi a tempo de tirar Bondarenko da frente para bater Miguel Silva (14′). Bom golo de Marega, que marcou pelo segundo jogo consecutivo, algo que já não acontecia desde abril. O V. Guimarães não recuou as linhas e soltou os setores, com Davidson e Rochinha sempre muito ativos, e acabou por ser o FC Porto a cair de rendimento e a quebrar face ao ritmo inicial que impôs na partida. Os vimaranenses poderiam ter mesmo chegado ao empate cinco minutos depois do golo de Marega, com Rochinha a permitir uma boa defesa de Marchesín (19′), e era a equipa de Ivo Vieira que empurrava a de Sérgio Conceição para o próprio meio-campo defensivo.

Esta dinâmica mudou a partir da meia-hora, altura em que o FC Porto assumiu de forma mais evidente o controlo do jogo e passou a impedir que o V. Guimarães chegasse ao último terço. Antes ainda do intervalo, Ivo Vieira sofreu mais uma contrariedade, já que Al Musrati se lesionou com gravidade e teve de ser substituído, e Sérgio Conceição também foi obrigado a lançar Mbemba no lugar de Pepe, já que o central português ficou com queixas no joelho depois de um lance com Davidson. No final da primeira parte, apesar de estar em vantagem e a jogar contra dez, a verdade é que o FC Porto não estava a asfixiar nem a ser brilhante — apesar de uma boa oportunidade de Zé Luís já nos descontos — e limitava-se a ter as ocorrências controladas.

Na segunda parte, nem Sérgio Conceição nem Ivo Vieira mexeram na equipa logo à partida e depressa se percebeu que o V. Guimarães iria tentar fazer aquilo que fez durante o primeiro tempo: subir as linhas, jogar de forma confiante e procurar o golo sem se fechar no próprio meio-campo. Os dragões mantiveram-se enquanto conjunto mais perigoso, ainda que sem dominar de forma inequívoca, e poderiam ter chegado a um tranquilizador golo por intermédio de Marega (64′). Mas a equipa de Sérgio Conceição não estava confortável na partida e não conseguia reproduzir o que levou na semana passada à Luz: as transições rápidas, o discernimento de Luis Díaz, o acerto de Romário Baró e o total entrosamento entre os setores. Num jogo que parecia decidido antes de estar cumprido um minuto, a verdade é que o FC Porto teve muitas dificuldades em impôr as suas próprias ideias, mesmo jogando contra dez, e nunca teve espaço nem oportunidades para mostrar o futebol dinâmico, entusiasmante e surpreendente que bateu o Benfica.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-V. Guimarães:]

Marchesín foi obrigado a duas boas defesas num curto espaço de tempo — primeiro por intermédio de Davidson (65′) e depois por Lucas Evangelista (75′) — e o V. Guimarães ia crescendo principalmente a partir das bolas paradas que ia conquistando, com movimentos quase de futebol americano em que ganhava metros com lançamentos para depois surgir junto da baliza azul e branca com pontapés de canto, livres ou remates de meia distância. Sérgio Conceição tirou Romário Baró e Zé Luís para lançar Otávio e Soares, numa ação de reação que se seguiu de imediato à oportunidade de Evangelista, mas a verdade é que as aspirações do V. Guimarães se tornaram ainda mais complicadas com uma nova expulsão. Por protestos e pelas palavras proferidas diretamente a Carlos Xistra, Davidson — um dos melhores da equipa de Ivo Vieira — viu o cartão amarelo e depois o vermelho direto e deixou os vimaranenses reduzidos a nove elementos quando ainda faltavam dez minutos para jogar.

Ivo Vieira esgotou as alterações e trocou Poha por Florent mas a verdade é que a equipa estava nesta altura, e de forma natural, totalmente desequilibrada: e o FC Porto, pela primeira vez na partida, explorou de forma óbvia a superioridade numérica. Depois de defender um remate de Marega (84′) e outro de Danilo (87′), Miguel Silva estragou a enorme exibição que tinha feito ao defender um remate de Luis Díaz para a frente, com Marcano a aproveitar para marcar na recarga (88′). Com o V. Guimarães totalmente destroçado, Marega ainda bisou já no período de descontos (90+2′) — e Marchesín ainda foi a tempo de outra defesa enorme a remate de João Carlos Teixeira.

Depois de dois jogos mais do que convincentes contra V. Setúbal e Benfica, o FC Porto não conseguiu manter o ritmo e beneficiou das duas expulsões do lado do V. Guimarães, uma a abrir e outra a fechar, para garantir uma vitória que parece tranquila e folgada quando se olha para o resultado mas que foi tirada a ferros. Apesar disso, os dragões ficam agora a um ponto da liderança e esperam pelo Benfica, que joga em Braga este domingo. Sérgio Conceição precisa de fazer rewind e voltar a tudo o que foi feito nas últimas duas semanas — porque a ideia que fica da receção deste domingo ao V. Guimarães é que se Tapsoba não tivesse sido expulso logo aos 45 segundos, talvez Marega e Marcano não tivessem marcado, talvez Marchesín não tivesse conseguido defender tudo e talvez a história do jogo fosse diferente.

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