Após quatro anos de escavações no castro de São João das Arribas, em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, os arqueólogos colocaram a descoberto estruturas e objetos que situam a ocupação da fortificação entre os séculos III e IX d.C..

“A ocupação do castro de São João das Arribas, em Aldeia Nova, Miranda do Douro, situa-se entre antiguidade tardia e a Alta Idade Média. Esta foi a grande surpresa. Neste último ano, fomos também surpreendidos com o aparecimento de uma muralha com uma arquitetura diferente o que poderá ser um campo de pedras fincadas”, revelou à Agência Lusa a arqueóloga Mónica Salgado.

Segundo a investigadora, os campos de pedras fincadas postos a descoberto “são características defensivas do período proto-histórico (Idade do Ferro)”. “Estas áreas onde se encontra a muralha de pedras fincadas começaram a ser estudadas este último ano. Provavelmente, não vamos conseguir compreender na totalidade esta estrutura defensiva. Terá, assim, de ficar para trabalhos futuros”, concretizou a arqueóloga.

Os trabalhos de escavações no Castro de S. João das Arribas, em Aldeia Nova, no distrito de Bragança, tiveram o seu início em 2014. A partir de 2021, os arqueólogos vão voltar ao trabalho para tentar compreender melhor este lugar emblemático, situado em pleno Douro Internacional. “Vamos entregar um relatório final destas campanhas desenvolvidas ao longo de quatro anos e vamos estudar o espólio cerâmico. Após a conclusão dos estudos, iniciaremos uma outra campanha de escavações”, frisou a investigadora. Após os estudos e compreensão do sítio arqueológico, haverá uma musealização de todo o espólio encontrado no castro de S. João das Arribas.

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As escavações decorreram por entre pequenos montes e giestas e outros arbustos da flora autóctone do Parque Natural do Douro Internacional, e a equipa de arqueólogos e um conjunto de voluntários de diversas nacionalidades tentaram, assim, perceber a importância histórica e arqueológica de um sítio que foi classificado em 1910 como monumento nacional. “Desta experiência, fica o relacionamento entre as pessoas que participaram nos campos de trabalho, onde conheci pessoas de outros países. Em termos científicos também houve uma grande aprendizagem já que estamos a estudar uma época pouco conhecida em Portugal”, frisou Mónica Salgado.

Neste campo arqueológico, e desde o seu início, participaram jovens voluntários vindos diversos países, que sempre demonstraram vontade em conhecer a história do local e os usos e costumes das terras de Miranda.

Gaelle Carvalho, da Palombar, uma associação que promove o património rural e parceira nas escavações do projeto arqueológico de S. João das Arribas, disse à Lusa que os jovens estrangeiros se mostram satisfeitos por contribuírem para a preservação do património arqueológico de um local como S. João das Arribas. “O desenvolvimento de técnicas a nível profissional é outras da vertentes escolhidas pelos jovens”, frisou a responsável. Já Francisco Conde, um voluntário que veio de Espanha, adiantou que quis complementar os seus estudos em arqueologia e assim conhecer um período histórico como é a Alta Idade Média.