Era uma vitória quase obrigatória. Não só para não deixar escapar mais pontos, não só para não deixar fugir os rivais diretos mas principalmente para recuperar a equipa a nível anímico, psicológico e mental. Depois de perder em casa com o FC Porto, num jogo em que foi totalmente inferior, o Benfica tinha de bater o Sp. Braga na Pedreira para poder afirmar, sem telhados de vidro, que o encontro com os dragões foi um acidente num percurso que tem como objetivo a renovação do título nacional.

E conseguiu. Com dois golos de Pizzi e dois autogolos, com muitas oportunidades de Seferovic e um grande jogo da aposta Taarabt, o Benfica goleou o Sp. Braga e está agora a um ponto da liderança e do Famalicão, igualando o FC Porto e superando o Sporting. A vitória por quatro golos de diferença foi também a 14.º goleada desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico dos encarnados, em janeiro, sendo que, dessas 14, 12 foram para a Primeira Liga. Esta foi mesmo a terceira goleada do Benfica em cinco jogos oficiais esta temporada, números que não só revelam uma solidez defensiva admirável como também uma eficácia atacante invejável.

No final do encontro, Bruno Lage era um homem — nas próprias palavras — realizado. “Na segunda parte tivemos a eficácia que não tivemos na primeira. Tivemos várias oportunidades e o resultado podia ter mais dois ou três golos nessa altura e há ainda a oportunidade do Ricardo Horta. Mas foi uma entrada forte, sabíamos que eles tinham feito uma viagem difícil e sabíamos que tínhamos de meter um nível alto no jogo. O resultado é justo mas o mais importante é que voltámos a jogar como treinamos e a fazer aquele jogo que me deixa realizado”, explicou o treinador encarnado, que afastou ainda a ideia de esta ter sido uma “semana difícil” depois da derrota com o FC Porto. “Não foi uma semana difícil mas sim de muito trabalho. Pedi aos jogadores que mostrassem em campo a forma como treinam e foi isso que aconteceu. Uma boa exibição mas apenas isso, na sequência do bom início de época”, concluiu Lage.

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Lage que, no onze inicial para a visita ao Sp. Braga, lançou o regressado André Almeida na direita da defesa mas também Taarabt, que ocupava o lugar de Samaris no meio-campo. O médio marroquino, que foi um dos melhores contra o FC Porto a partir do momento em que entrou, justificou a aposta e cumpriu uma exibição acima da média, tanto a nível defensivo como enquanto primeira fase de construção. “O Adel dá critério na decisão e qualidade de passe, para o nosso jogo ser melhor no momento defensivo. Fico feliz por ele, está a corresponder à oportunidade que o Benfica lhe deu”, disse o treinador, que parecia ter ouvido as palavras de Taarabt logo após o apito final, na altura em que recebeu o prémio de melhor jogador em campo.

“Depois de termos perdido o clássico em casa, precisávamos de reagir e penso que hoje mostrámos qualidade e tivemos a melhor reação possível contra uma boa equipa. Estamos feliz e estou feliz, foi a primeira titularidade da época para mim. Tentei o meu melhor mas o mais importante foi mesmo o resultado”, começou por dizer o marroquino, que depois acrescentou que “o mérito” da subida de rendimento nos últimos meses “é do treinador”. “Puxa por mim aos limites. A confiança é importante mas sempre acreditei em mim. Esperei pela oportunidade e dei o meu melhor quando ela chegou. Quero agradecer aos meus companheiros de equipa, que me apoiaram durante os tempos difíceis por que passei. Estou feliz por todos nós e quero agradecer aos adeptos por terem vindo apoiar-nos”, atirou Taarabt.