O Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa condenou esta terça-feira a “violência que se tem espalhado por várias” províncias do país, destacando as agressões xenófobas que atingem o país desde a noite de domingo. A polícia da África do Sul anunciou que pelo menos cinco pessoas morreram desde domingo e 189 foram detidas no mesmo período durante os conflitos.

“Condeno a violência que se tem espalhado por várias das nossas províncias nos mais vigorosos termos” disse Ramaphosa num vídeo partilhado na plataforma Twitter.

Na mensagem, o chefe de Estado sul-africano acrescentou que se irá reunir com ministros para “acompanhar o que está a acontecer” e para encontrar maneiras de acabar com a violência. “Os ataques contra comerciantes estrangeiros são totalmente inaceitáveis, tal coisa não pode ser permitida na África do Sul”, acrescentou Ramaphosa.

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“Quero que isso pare imediatamente”, afirmou, acrescentando: “As pessoas do nosso país querem viver em harmonia, independentemente das preocupações e queixas que possamos ter, devemos geri-las de maneira democrática, discutindo”.

O governante já solicitou que as autoridades policiais se reúnam com os indunas (chefes tribais) nos hostels (albergues sociais de mineiros) para terminar com a violência.

O chefe de Estado destacou que a África do Sul é um país “completamente comprometido” contra a xenofobia e que não irá tolerar os ataques contra pessoas de outros países.

Uma nova onda de violência e pilhagens contra estrangeiros iniciou-se na África do Sul neste fim-de-semana, com maior incidência em Joanesburgo e Pretória. Além do saque a dezenas de lojas, as autoridades relataram o assassinato de um civil em circunstâncias que ainda não estão claras.

Na terça-feira, a polícia disparou balas de borracha em Joanesburgo para tentar evitar mais saques.

União Africana pede proteção para potenciais vítimas na África do Sul

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, condenou também esta terça-feira os ataques contra cidadãos estrangeiros na África do Sul, pedindo proteção para potenciais vítimas e suas propriedades no país.

Num comunicado divulgado na página da União Africana, o responsável “solicita novas medidas imediatas para proteger as vidas das pessoas e as suas propriedades, assegurar que todos os perpetradores são responsabilizados pelos seus atos e que a justiça seja feita para aqueles que sofreram perdas”. No documento, Moussa Faki Mahamat diz estar “incentivado pelas detenções” já realizadas pelas autoridades sul-africanas.

O presidente da Comissão da União Africana reiterou ainda o compromisso da organização em apoiar o governo sul-africano numa resposta às causas que sustentam “estes atos lamentáveis, de modo a promover paz e estabilidade”, de acordo com os princípios do bloco continental.

Também o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, se manifestou “muito preocupado” com a vaga de violência xenófoba na África do Sul contra os imigrantes africanos, nomeadamente nigerianos, anunciando o envio de uma delegação a Pretória para transmitir as suas inquietações.