O Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa condenou esta terça-feira a “violência que se tem espalhado por várias” províncias do país, destacando as agressões xenófobas que atingem o país desde a noite de domingo. A polícia da África do Sul anunciou que pelo menos cinco pessoas morreram desde domingo e 189 foram detidas no mesmo período durante os conflitos.
“Condeno a violência que se tem espalhado por várias das nossas províncias nos mais vigorosos termos” disse Ramaphosa num vídeo partilhado na plataforma Twitter.
Our security forces are on high alert. Whilst in no way, can we take away the sense of deep loss and unbearable pain you experience, as a country we commit ourselves to continue to work tirelessly to building the kind of South Africa, where indeed womxn and children will be safe. pic.twitter.com/ZoQSziiuPM
— Cyril Ramaphosa ?? (@CyrilRamaphosa) September 3, 2019
Na mensagem, o chefe de Estado sul-africano acrescentou que se irá reunir com ministros para “acompanhar o que está a acontecer” e para encontrar maneiras de acabar com a violência. “Os ataques contra comerciantes estrangeiros são totalmente inaceitáveis, tal coisa não pode ser permitida na África do Sul”, acrescentou Ramaphosa.
“Quero que isso pare imediatamente”, afirmou, acrescentando: “As pessoas do nosso país querem viver em harmonia, independentemente das preocupações e queixas que possamos ter, devemos geri-las de maneira democrática, discutindo”.
O governante já solicitou que as autoridades policiais se reúnam com os indunas (chefes tribais) nos hostels (albergues sociais de mineiros) para terminar com a violência.
O chefe de Estado destacou que a África do Sul é um país “completamente comprometido” contra a xenofobia e que não irá tolerar os ataques contra pessoas de outros países.
Uma nova onda de violência e pilhagens contra estrangeiros iniciou-se na África do Sul neste fim-de-semana, com maior incidência em Joanesburgo e Pretória. Além do saque a dezenas de lojas, as autoridades relataram o assassinato de um civil em circunstâncias que ainda não estão claras.
Na terça-feira, a polícia disparou balas de borracha em Joanesburgo para tentar evitar mais saques.
União Africana pede proteção para potenciais vítimas na África do Sul
O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, condenou também esta terça-feira os ataques contra cidadãos estrangeiros na África do Sul, pedindo proteção para potenciais vítimas e suas propriedades no país.
Num comunicado divulgado na página da União Africana, o responsável “solicita novas medidas imediatas para proteger as vidas das pessoas e as suas propriedades, assegurar que todos os perpetradores são responsabilizados pelos seus atos e que a justiça seja feita para aqueles que sofreram perdas”. No documento, Moussa Faki Mahamat diz estar “incentivado pelas detenções” já realizadas pelas autoridades sul-africanas.
O presidente da Comissão da União Africana reiterou ainda o compromisso da organização em apoiar o governo sul-africano numa resposta às causas que sustentam “estes atos lamentáveis, de modo a promover paz e estabilidade”, de acordo com os princípios do bloco continental.
Também o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, se manifestou “muito preocupado” com a vaga de violência xenófoba na África do Sul contra os imigrantes africanos, nomeadamente nigerianos, anunciando o envio de uma delegação a Pretória para transmitir as suas inquietações.