O furacão Dorian baixou de intensidade, para o nível 2, mas continua a fustigar as Bahamas onde o número de mortos subiu para sete, informou o primeiro-ministro, Hubert Minnis que admitiu a possibilidade de haver mais vítimas mortais.

A extensão total do desastre ainda é desconhecida. O primeiro-ministro destacou que Ábaco está completamente inundado, incluindo o aeroporto. “Estamos no meio de uma das maiores crises que as Bahamas sofreram na sua história”, disse Minnis. “Casas, prédios e infraestrutura estão completamente destruídos”, lamentou.

Os ventos severos da tempestade e as águas castanhas e lamacentas destruíram ou danificaram gravemente milhares de casas, incapacitando a atividade de hospitais e deixando muitas pessoas presas em sótãos.

“O aeroporto está submerso e a parte circundante agora parece um lago”, disse Minnis, que acrescentou que as estradas também estão completamente inundadas e intransitáveis depois de o arquipélago ter sido atingido pelo mais forte furacão registado na sua história, que fustigou principalmente as ilhas Abacos e a ilha Grande Bahama, com ventos de até 295 quilómetros por hora e chuva torrencial, antes de seguir na terça-feira a sua rota em direção à Florida.

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“É uma devastação total. Está dizimado. Apocalíptico”, disse Lia Head-Rigby, que ajuda a administrar um grupo local de socorro a furacões e que sobrevoou as ilhas Abacos. “Não podemos remodelar o que estava lá; temos que reconstruir de raiz”, referiu a responsável. E seguiu na mesma linha da do primeiro-ministro citando um representante em Abacos que lhe disse que havia “muito mais mortos”, mas não avançou números, uma vez que os corpos ainda estão a ser recolhidos.

Na ilha Grande Bahama o cenário é semelhante. Graças às imagens de satélite captadas pela empresa finlandesa Iceye já é possível ver o impacto da passagem do furacão Dorian pela ilha: uma parte considerável está alagada, incluindo a zona do aeroporto internacional.

A imagem, partilhada pela BBC e pelo jornalista Jonathan Amos, mostra a zona da ilha que ainda está acima do nível da água – a preto – e toda a zona que ficou inundada depois da passagem do Dorian – a azul. A linha amarela ajuda a traçar o antes e o depois da passagem do furacão.

Cinco helicópteros da Guarda Costeira fizeram voos de hora a hora para as ilhas Abacos, transportando mais de 20 pessoas feridas para o hospital principal da capital. Marinheiros britânicos também estavam a participar do socorro às vítimas. Alguns grupos de ajuda privada também tentaram chegar às ilhas atingidas no norte das Bahamas.

As equipas de resgate começaram a retirar as pessoas no rescaldo da tempestade na ilha de Grande Bahama no final da terça-feira, usando motas de água, barcos e até mesmo uma enorme escavadora.

Nas Bahamas, o porta-voz da Cruz Vermelha Matthew Cochrane disse que mais de 13.000 casas, ou cerca de 45% das casas de Grande Bahama e Abacos, foram severamente danificadas ou destruídas. Autoridades da ONU disseram que 61.000 pessoas nas ilhas atingidas precisarão de comida, e a Cruz Vermelha disse que 62.000 precisarão de água potável.

Lawson Bates, funcionário da MedicCorps, com sede no Arkansas, sobrevoou Abacos e disse: “Parece completamente achatado. Há barcos no interior que estão virados. É uma devastação total”. A Cruz Vermelha autorizou 500.000 dólares para a primeira vaga de socorro, disse Cochrane.

As equipas humanitárias da ONU estavam prontas para entrar nas áreas atingidas para ajudar a avaliar os danos e as necessidades do país, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric. O governo dos Estados Unidos também enviou uma equipa de resposta a desastres.

Nos Estados Unidos, vários milhões de pessoas na Florida, Geórgia e Carolina do Sul foram aconselhados a sair dos locais próximos da costa, por onde o Dorian deve também passar.