No domingo, Donald Trump escreveu no Twitter que o furacão Dorian iria afetar o estado norte-americano do Alabama. Poucos minutos depois, o Serviço de Meteorologia do Alabama desmentiu a informação, assegurando que o Dorian não iria atingir aquele estado. Já na quarta-feira, na Casa Branca, o Presidente fez uma atualização do impacto do furacão e mostrou um mapa com uma previsão para zonas de impacto. O gráfico, datado de 29 de agosto e da autoria do Centro Nacional de Furacões, apresentava o “cone de incerteza” — um círculo branco que incluía os locais que o Dorian afetaria.

Mas este mapa parece ter sido alterado: um semi-círculo preto “extra” saltou à vista, pois prolongava a estimativa do Centro Nacional de Furacões. Esta linha preta, desenhada com um marcador, incluía parte do estado do Alabama (onde o cone de incerteza original não previa impacto).

Eis o mapa original do Centro Nacional de Furacões:

Posted by NOAA NWS National Hurricane Center on Thursday, August 29, 2019

E eis a versão do gráfico mostrada por Trump na Casa Branca:

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Fotos oficiais da Casa Branca, datadas de 29 de agosto, confirmam que o Presidente teve acesso à versão original do gráfico, sem qualquer linha preta desenhada:

O vídeo oficial da Casa Branca, onde é mostrada a versão “adulterada” do mapa, foi divulgado na quarta-feira e mostra um gráfico com o tal semi-círculo desenhado a preto extra.

A comunicação social percebeu logo da diferença e começou a publicar notícias sobre o gráfico apresentado por Trump. No mesmo dia, o secretário de imprensa da Casa Branca criticou a imprensa pelo destaque dado à questão do círculo preto, apelidando a situação de “hilariante” e “triste”. “A notícia que importa realmente é que um furacão mortal continua a subir a costa e dezenas de milhões de americanos podem sofrer o impacto”, escreveu Hogan Gidley.

Já na noite desta quinta-feira, Donald Trump partilhou novos gráficos do Serviço de Meteorologia de Columbia — que incluem o Alabama na zona de impacto — e disse que as suas previsões estavam corretas. “Tal como disse, o Alabama estava originalmente previsto na zona de impacto. As fake news negam-no!”, escreveu no Twitter. “Eu estive sempre convosco, Alabama. As fake news não”, escreveu noutro post. Mas sem confirmar ou desmentir que o gráfico tenha sido alterado.

O Dorian já causou 20 mortos e 95 mil pessoas estão sem fornecimento de eletricidade nos estados norte-americanos da Georgia e Carolina do Sul. Nas Bahamas, o furacão deixou um rasto de destruição.

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