O Presidente da República lamentou esta sexta-feira a pouca exposição que os partidos sem assento parlamentar mas candidatos às eleições legislativas de outubro têm tido nos meios de comunicação social e na televisão. Marcelo Rebelo de Sousa, que falava durante a tarde na Feira do Livro do Porto, afirmou que tem esperança “de que haja atenção aos partidos não representados na Assembleia da República, porque em relação a eles não tem havido debates”.

Tradicionalmente havia, ao menos nos canais públicos, debates com todos. Isso é um problema de princípios porque não se pode deixar de dar voz àqueles partidos que não têm assento na Assembleia da República mas querem ter”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa foram proferidas pouco mais de uma semana depois de o líder do partido Aliança, Pedro Santana Lopes, ter entrado na sede da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) acompanhado por alguns apoiantes, para exigir que a cobertura mediática da sua campanha fosse “justa” e para “lutar pela liberdade de imprensa, pelo direito a informar e ser informado”. Uma das queixas de Santana Lopes, antigo líder do PSD, passava precisamente pela ausência de debates televisivos com a presença de líderes de partidos que não estão na AR: “Nem que se fizessem em agosto nos canais do cabo”, lamentou. As queixas têm sido partilhadas por líderes de outros partidos sem representação parlamentar, como o Livre de Rui Tavares.

Marcelo Rebelo de Sousa quer que os partidos que não estão na AR também tenham "voz"

Apesar do lamento sobre a pouca exposição mediática que têm tido os partidos candidatos às legislativas, que considerou “um problema”, o Presidente da Repúblico notou que “tem havido grande multiplicidade de entrevistas aos vários órgãos de comunicação social mas também debates — e isso é muito positivo”.

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Marcelo Rebelo de Sousa confessou-se ainda surpreendido pela atenção dada pelos portugueses aos debates: “Houve pelo menos um que ultrapassou um milhão de espetadores. Não esperaria”, disse. A expectativa do PR é que o interesse se traduza em afluência às urnas: “Os líderes dos principais partidos já deram várias entrevistas, vão ter vários debates, espero que o mesmo venha a acontecer com outros líderes partidários. Isto num período muito longo de tempo e com tempo para as pessoas formularem o seu juízo de voto, [espero] que isso permita uma percentagem de abstenção muito mais baixa do que a percentagem demasiado elevada nas [eleições] Europeias”.

@ Rodrigo Antunes / Agência Lusa

Já sobre os incêndios que têm deflagrado nos últimos dias e sobre o risco de incêndios futuros, o Presidente da República notou que o “estado de espírito” geral de que se tem apercebido através do contacto com presidentes de Câmara é “esperar que este período que vai até domingo passe rápido, que o vento deixe de ser o problema que tem sido e que as horas da noite, que são de temperatura mais baixa mas com mais vento, não causem as preocupações que têm causado. As últimas conversas que tive eram mais positivas e menos preocupadas do que outras que tive mais cedo e ontem”.

Quase em simultâneo com as declarações do Presidente, o Governo estendeu o estado de alerta face ao risco de incêndios de até domingo, 8 de setembro, para até terça-feira, 10 de setembro.

A “capacidade de resposta”  das autarquias e de “toda a máquina” da Proteção Civil mereceu ainda do Presidente da República um elogio: “Muito apreciável”.