O incêndio que deflagrou ao fim da manhã de quinta-feira na localidade de Paus, em Albergaria-a-Velha, está já dominado, garantiu o presidente da Câmara Municipal local, António Loureiro. Ainda assim, as operações ainda mobilizam 338 bombeiros, apoiados por 104 veículos. Em declarações à Rádio Observador durante a tarde, António Loureiro confirmou que cinco bombeiros ficaram feridos durante o combate às chamas.

Já em declarações aos jornalistas, no ponto de operações em Albergaria-a-Velha, António Loureiro agradeceu aos cerca de 600 operacionais que estiveram, durante estes dois dias, a combater as chamas e a “defender as pessoas e o nosso património ambiental”. “Felizmente, ao fim destes dois dias, damos praticamente como circunscrito o incêndio”, disse o autarca. “Os meios aéreos foram uma grande ajuda, mas não nos podemos esquecer daqueles que tiveram estas 48 horas no terreno com um fator negativo que foi o vento, o maior inimigo”, frisou.

Incêndios. Governo prolonga estado de alerta até terça-feira

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Questionado sobre qual seria a previsão para os próximos dias, o autarca adiantou que o cenário será “complicado” e “desafiante” para os bombeiros, uma vez que a área ardida em Albergaria-a-Velha e Águeda ultrapassa os dois mil hectares. “Temos aqui uma área de dois mil hectares, mais os 500 hectares de Águeda, 2.500 hectares no seu total, onde vai ser necessário uma atividade de vigilância maior e uma atividade de disponibilidade dos bombeiros para responder aos reacendimentos”, referiu. O autarca adiantou ainda que a área envolvente às habitações de vários pontos do concelho já foi analisada e que, neste momento, as populações já começam a regressar às suas casas.

Ainda em Albergaria-a-Velha, um militar da GNR foi atropelado na tarde desta sexta-feira por um veículo cujo condutor desobedeceu a ordens que impediam o seu acesso a uma das zonas onde lavra o incêndio. O suspeito já foi detido e vai ser presente no sábado no tribunal de Albergaria-a-Velha. Em declarações aos jornalistas no posto de operações em Albergaria-a-Velha, o tenente da GNR, Renato Figueiredo, explicou que o incidente ocorreu quando o militar estava a fazer o “corte na via” para auxiliar algumas operações de rescaldo nas proximidades de habitações e as forças de segurança que se encontravam no local. “O condutor insistiu por diversas vezes que queria passar, o nosso militar impôs-se. Entretanto, o condutor começou em aceleração, o nosso militar mais uma vez levantou a mão e é daí que o condutor acelera e vai na direção do militar, causando o atropelamento”, referiu.

O militar, que foi atingido pela viatura, foi socorrido no local e transportado para o hospital de Aveiro, de onde já teve alta médica, apesar dos ferimentos “nas pernas, braços e costas”. Quanto ao suspeito, o tenente da GNR adiantou que se encontra detido nas instalações daquela força de autoridade e que no sábado vai ser presente ao tribunal de Albergaria-a-Velha. O incidente ocorreu em Assilhó, local onde está montado o posto de operações de combate aos incêndios de Albergaria-a-Velha e Águeda, no distrito de Aveiro.

Neste sentido, Jorge Almeida apela à população para que obedeça às ordens das autoridades, porque o lema é “garantir a segurança das pessoas em primeiro lugar”.

Esta imagem satélite mostra as colunas de fumo provenientes dos incêndios em Aveiro durante a tarde desta sexta-feira.

Ainda em Aveiro, os incêndios nas localidades de Macinhata do Vouga e Veiga também já entraram em fase de resolução. No primeiro, mantêm-se no terreno 138 bombeiros. Em Veiga, ainda estão empenhados em evitar reacendimentos 170 operacionais, com 56 viaturas.

Durante a tarde, o presidente da Câmara Municipal de Águeda alertou, precisamente, para o risco de reacendimentos: “Podemos vir a ter algumas dificuldades maiores. O risco de reacendimentos é enorme. Estamos a fazer ações de prevenção”, diz, em declarações à Rádio Observador na tarde desta sexta-feira. Para o presidente da autarquia de Águeda, este segundo dia de combate está a “ser muito mais tranquilo” comparativamente com o final de tarde e noite de quinta-feira. “A noite foi muito má, muito agitada, com muitas frentes ativas, ventos muito intensos e com os fogos todos a chegar à cidade e a várias outras localidades”, contou ainda à Lusa.

Durante a tarde desta sexta-feira, um contingente de mais de 700 bombeiros, apoiados por duas centenas de veículos e onze meios aéreos combateram as chamas de mais de dez incêndios que deflagraram no distrito de Aveiro. Uns começaram durante a tarde, mas outros já lavravam desde a manhã de quinta-feira.

As câmaras municipais de Águeda e Albergaria-a-Velha acionaram os respetivos planos municipais de emergência, o que permite aos respetivos presidentes acionar e mobilizar recursos, nomeadamente máquinas e equipamentos julgados úteis para auxiliar no combate às chamas e na proteção de pessoas e bens.

As notícias das 17h

Devido às chamas na região de Aveiro, a A25 (Nó de Carvoeiro e Sobreiro), o IC2 (Nó Albergaria e Lamas do Vouga), a EN16-2 (junto às localidades de o Afilhó e Alquerubim) estiveram cortadas na manhã desta sexta-feira. Todas as vias já foram reabertas, confirmou o Observador junto de fonte oficial da Brigada de Trânsito da GNR. A A1, que esteve cortada ainda durante a tarde, também já reabriu, confirmou a mesma fonte.

Em declarações à Rádio Observador, o comandante António Ribeiro, do Comando Distrital de Aveiro, esclareceu que os cortes das estradas se deveram à “grande falta de visibilidade” e da “aproximação do fogo às vias”. Realçou, ainda, que as situações meteorológicas que se fizeram sentir durante a noite “com rajadas de vento superiores a 50 km/h” dificultaram a ação dos bombeiros e a extinção dos incêndios. Por questões de segurança foram efetuadas “evacuações preventivas” em duas aldeias: Póvoa de Fontão e Vale de Silva, não se registando nenhum ferido.

100 concelhos em risco máximo de incêndios

Cerca de uma centena de concelhos de 13 distritos de Portugal continental apresentam esta sexta-feira risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Em risco máximo de incêndio continuam esta esta sexta-feira cerca de cem concelhos dos distritos de Faro, Beja, Castelo Branco, Portalegre, Santarém, Leiria, Coimbra, Guarda, Viseu, Porto, Aveiro, Vila Real, e Bragança. O IPMA colocou ainda vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental em risco muito elevado e elevado de incêndio.

O IPMA prevê para esta sexta-feira no continente uma pequena descida da temperatura máxima céu geralmente limpo e um aumento temporário de nebulosidade no interior do Baixo Alentejo e Algarve, com possibilidade de ocorrência de aguaceiros e trovoada.

Está também previsto vento fraco a moderado do quadrante leste, temporariamente de noroeste durante a tarde na faixa costeira ocidental, e sendo moderado a forte nas terras altas até final da manhã e a partir do final da tarde, com rajadas até 75 quilómetros por hora no Norte e Centro.

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Marcelo elogia capacidade de resposta das autarquias e da Proteção Civil

O Presidente da República notou esta sexta-feira que o “estado de espírito” geral de que se tem apercebido através do contacto com presidentes de Câmara é “esperar que este período que vai até domingo passe rápido, que o vento deixe de ser o problema que tem sido e que as horas da noite, que são de temperatura mais baixa mas com mais vento, não causem as preocupações que têm causado. As últimas conversas que tive eram mais positivas e menos preocupadas do que outras que tive mais cedo e ontem”.

Quase em simultâneo com as declarações do Presidente, o Governo estendeu o estado de alerta face ao risco de incêndios de até domingo, 8 de setembro, para até terça-feira, 10 de setembro.

A “capacidade de resposta”  das autarquias e de “toda a máquina” da Proteção Civil mereceu ainda do Presidente da República um elogio: “Muito apreciável”.

Poluição ultrapassa limites de proteção da saúde em Aveiro

A Universidade de Aveiro revelou que as concentrações de partículas atmosféricas ultrapassaram largamente o limite diário de proteção da saúde humana, na região, devido aos incêndios.

“Nas primeiras horas da manhã foram medidas concentrações acima de 400 microgramas por metro cúbico, sendo que o limite diário de proteção da saúde humana é 50 microgramas. Para além da matéria particulada em suspensão no ar, que sentimos mais diretamente, existem ainda concentrações elevadas de outros compostos, como o monóxido de carbono (CO), incolor e inodoro, geralmente em concentrações reduzidas no ar ambiente”, refere uma nota de imprensa da Universidade.

Segundo a mesma fonte, essas concentrações elevadas geram avisos “dirigidos sobretudo aos grupos de risco, que incluem as crianças, os idosos e todas as pessoas com problemas respiratórios”.

“Evitar esforços físicos ao ar livre, permanecer em casa com as janelas fechadas, utilizando de preferência sistemas apropriados de circulação ou refrigeração do ar” são alguns dos conselhos de Alexandra Monteiro, investigadora do Departamento de Ambiente e Ordenamento e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, que analisou os resultados das medições.

De acordo com a investigadora, “no dia de hoje é provável que todo o ar das casas e espaços confinados esteja, também ele, irrespirável, pelo que o ideal será procurar espaços com sistemas de ar condicionado que possuam filtragem do ar.

“Na imagem de satélite desta manhã é bastante evidente que a pluma de fumo tem uma dispersão tão confinada e bem dirigida para a zona de Aveiro”, refere ainda na nota da Universidade de Aveiro.

Em atualização