Amber Rudd, ministra britânica do Trabalho e das Pensões, apresentou a demissão este sábado por não concordar com as escolhas governamentais do primeiro-ministro Boris Johnson, a quem acusa de “vandalismo político”, está a noticiar a CNN. Numa publicação feita no Twitter, Amber Rudd confirma a demissão e explica a decisão: “Não suporto que os conservadores bons, leais e moderados sejam expulsos. Permaneço comprometida com os valores de uma nação que me atraíram para a política”, conclui.

Na carta publicada nas redes sociais, Amber Rudd admite que aquela foi “uma decisão difícil”: “Juntei-me a este ministério por boa fé, aceitando que a hipótese de uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo tinha de estar em cima da mesa, porque era a forma através da qual teríamos a possibilidade de encontrar um novo acordo para sair a 31 de outubro”. Mas, para a deputada, a missão do governo parece ter mudado. E já não é aquela em que ela própria acreditava: “Já não acredito que sair com um acordo é o principal objetivo deste governo”.

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“O governo está a gastar demasiada energia em preparar-se para uma saída sem acordo, mas não tenho visto o mesmo nível de empenho nas nossas conversas com a União Europeia, que no pediu para apresentar soluções alternativas para o travão irlandês”, denunciou a ex-ministra. “E também devo falar do ataque à decência e à democracia que aconteceu na semana passada quando demitiu 21 conservadores talentosos e leais”, escreveu Amber Rudd dirigindo-se a Boris Johnson.

O Governo de Boris Johnson está confrontado com uma profunda crise após ter decidido em agosto suspender as sessões parlamentares a partir de meados da próxima semana, uma medida rejeitada por uma parte dos conservadores e pelos partidos da oposição. Boris Johnson tem defendido que o Reino Unido deve sair da União Europeia em 31 de outubro, incluindo na ausência de um acordo com o bloco comunitário.

Em declarações ao Sunday Times, Rudd acrescentou que vai abandonar o grupo parlamentar conservador e tornar-se deputada independente. Esta semana, Jo Johnson, irmão do primeiro-ministro, também deixou o Governo ao alegar incompatibilidade entre “lealdade à família e o interesse nacional”.