O ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, voltou este domingo a excluir a possibilidade de adiamento do Brexit, enquanto o Reino Unido admite recorrer a tribunal para contestar legislação aprovada no parlamento.

“No estado atual das coisas, não”, disse Le Drian durante a emissão do programa Le Grand Rendez-vous Europe1/CNEWS/Les Echos.

“Eles [os britânicos] dizem que querem propor outras soluções, acordos alternativos para assegurar a saída…). Não vimos isso, por isso não, não vamos recomeçar todos os três meses. As autoridades britânicas que nos indiquem o caminho”, reforçou.

O parlamento do Reino Unido adotou esta semana uma proposta de lei forçando o primeiro-ministro Boris Johnson a adiar por três meses a data do ‘Brexit’, prevista para 31 de outubro, se não chegar a acordo para a saída com a União Europeia até 19 de outubro. “Os britânicos que assumam a sua situação (…). É preciso que nos digam o que querem”, insistiu o chefe da diplomacia francesa.

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Para Le Drian, está criada uma situação de “conflito de legitimidade entre o povo que, através de referendo, disse ‘quero sair’ e o Parlamento, também expressão do povo, que não sabe como sair”. O ministro francês adiantou que de momento não se sabe o que querem fazer porque “nenhuma das opções é maioritária”.

“Há um impasse que traduz riscos para o Reino Unido numa altura em que a Escócia agita a possibilidade de independência”, sublinhou.

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, admitiu hoje, citado pela imprensa britânica, recorrer ao tribunal para contestar o projeto de lei aprovado na semana passada pelo parlamento para impedir um ‘Brexit’ sem um acordo.

A legislação exige que o primeiro-ministro, Boris Johnson, peça uma nova extensão da data de saída até 31 de janeiro caso o parlamento não aprove um acordo de saída ou não autorize uma saída sem acordo até 19 de outubro.

O Reino Unido tem atualmente previsto sair da União Europeia (UE) a 31 de outubro, já na sequência de um adiamento da saída da data inicial que era 29 de março.

Mesmo que o Governo britânico avance com o pedido, a extensão precisa depois de ser deferida unanimemente pelos restantes 27 Estados membros da UE.