O artista Julião Sarmento vai apresentar a exposição “Undisclosed”, com esculturas inéditas, na galeria Carolina Nitsch, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a partir da próxima quinta-feira, 12 de setembro.

Segundo o sítio online do espaço dedicado à arte contemporânea, trata-se da primeira exposição do artista português nesta galeria nova-iorquina, onde, no dia da inauguração, irá lançar um livro dedicado a lugares históricos na América.

A escultura “Undisclosed” (2019), que dá título à exposição, consiste num cubo coberto por um pano que “esconde algo que recusa ser revelado”, segundo a descrição da galeria sobre a peça.

“Este objeto aparentemente simples poderia esconder um objeto ou algo conceptual, como um trauma, um medo ou qualquer outra coisa desconhecida”, acrescenta.

Indica ainda que a escultura “não difere das pinturas de Sarmento, que são frequentemente parcialmente ou totalmente apagadas, revelando cenários fragmentados que evocam gestos desconcertantes ou relações misteriosas”.

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Outra escultura da exposição, em bronze, intitulada “Seism” (2018), faz referência à falha tectónica junto à qual Portugal se localiza geograficamente.

O maior terremoto que aconteceu no país data de 1755, e “deixou memórias aterradoras na população, que apontam para uma futura inevitável repetição, uma hipótese que se tornou uma apreensão nacional e pessoal do artista”.

Sarmento recorda, sobre o enquadramento desta obra, que o pai tinha muito medo de terramotos e, por isso, dormia sempre com um copo de água junto à cama, não para beber, mas para poder ver qualquer pequena ondulação que anunciasse um tremor da terra.

O próprio artista descreve esta peça como “a representação de alguém, uma ideia, um conceito, um sentimento de angústia e medo”.

Uma outra escultura mais recente, “Joana and the Wall” (2019), toca os temas do feminismo, arquitetura e instabilidade, consistindo numa figura em bronze com um vestido negro, encostada a uma parede de forma periclitante.

A posição precária da figura cria uma diversidade de interpretações, dando a ideia de uma cena dramática e de incerteza.

Nascido em 1948, em Lisboa, Julião Sarmento vive e trabalha no Estoril, e a sua obra utiliza uma grande variedade de meios, incluindo vídeo, som, pintura, escultura e instalação.

Os temas que usa são muitas vezes influenciados pela literatura e o cinema, e circulam pelas relações pessoais, psicologia, sensualidade, voyeurismo e transgressão.

O seu trabalho tem sido exibido amplamente em exposições individuais e coletivas um pouco por todo mundo nas últimas cinco décadas, tendo representado Portugal na 46.ª Bienal de Arte de Veneza (1997), e também nas feiras de arte contemporânea Documenta 7 (1982), Documenta 8 (1987) e na Bienal de São Paulo (2002).

O seu trabalho está representado em coleções públicas e privadas na América do Norte e do Sul, na Europa e no Japão.