A coordenadora do BE, Catarina Martins, classificou esta segunda-feira como “projetos mais ou menos caricatos” a proposta de PS e PSD do Erasmus Interior, lembrando que “dar contratos de trabalho permanentes” a investigadores seria “uma grande medida” nas instituições universitárias.

“Quando ouço projetos mais ou menos caricatos sobre o ensino superior, sobre o interior, devo dizer que dar contratos de trabalho permanentes aos investigadores que aqui estão, isso sim, era uma grande medida para fixar população nestas universidades e institutos politécnicos um pouco por todo o país”, destacou, durante uma visita à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real.

Referindo-se à proposta já defendida pelos líderes do PS e PSD, o Erasmus Interior, a líder do Bloco de Esquerda entende ser “ótimo” que “toda a gente circule pelo país e que haja mobilidade nas universidades”, mas que há mais a ser feito sobre a temática do despovoamento do interior.

Para Catarina Martins, mais do que os estudantes conhecerem o interior, é necessário que as pessoas tenham “condições para terem projetos de vida no interior”.

“Aquilo que nós defendemos é a criação de trabalho e promoção da economia de forma sustentada, com a reabertura de serviços públicos de forma gradual nos territórios que estão despovoados e com avaliação da capacidade de fixação de povoação nesses territórios. É assim que se faz um trabalho estruturado é assim que se respeita o interior”, vincou.

Entrevista a Catarina Martins: “O programa do Bloco é social-democrata”

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Há bolseiros que estão “há uma década na mais completa precariedade”

O secretário-geral do PS, António Costa, disse no sábado querer criar um Erasmus Interior para os jovens portugueses que “só conhecem a país da onda do surf” tenham a oportunidade de conhecer “outros territórios, saberes e espaços”, dentro do país.

O presidente dos sociais-democratas, Rui Rio, considerou no domingo que a criação de um programa Erasmus Interior é uma “boa ideia” que o PSD já apresentou há “meses largos”, sendo que o líder do PS, acrescentou, terá “reproduzido bem uma ideia de que gostou”.

Na visita à UTAD, Catarina Martins abordou ainda o programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na Administração Pública (PREVPAP) no ensino superior, e defendeu que a investigação cientifica é essencial ao país.

“Estivemos com bolseiros que estão cá há uma década ou mais, na mais completa precariedade, a fazer investigação cientifica que é essencial ao pais”, realçou.

Catarina Martins durante uma entrevista recente ao Observador (@ JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

Catarina Martins explicou que as instituições de ensino superior não cumprem o PREVPAP por não terem “financiamento suficiente” e que o BE tem lutado por isso.

“Mas cabe também às instituições dizerem que quando há dificuldades não são os investigadores os primeiros a sofrerem. Se as universidades não tiverem investigadores não estão a fazer o seu papel, que é ciência. Têm de fazer ciência”, alertou.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, acompanhada pela candidata pelo círculo eleitoral de Vila Real, Mariana Simões, fez uma visita aos Laboratórios Ecofluvial e de Ecologia Aplicada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, precedida de uma reunião com o reitor da universidade, Fontaínhas Fernandes.

Ainda sobre a universidade sediada em Vila Real, Catarina Martins fez menção ao encerramento de serviços públicos desconcentrados, do ministério do Ambiente e Agricultura, “que foram todos encerrados pelo Governo PSD/CDS”, e que faziam “a ligação à investigação científica”.

“Esta investigação científica é fundamental para a defesa do território, na ligação com os produtores agrícolas e florestais. É deste tipo de intervenção no território que estamos a falar”, finalizou.