Apesar de sempre terem tratado Eduardo Beauté por pai e Luís Borges por papá, como contaram em 2015 ao Observador, justamente na altura em que a adoção por casais homossexuais foi aprovada em Portugal, legalmente as três crianças eram apenas filhas do cabeleireiro. Com a morte de Beauté, no passado sábado, dia 7, ficaram órfãs, pelo que o Ministério Público terá, agora, de lhes nomear um tutor legal.

“Nestes casos, o Ministério Público instaura um processo para definir quem está em melhores condições para ser o tutor, o responsável por estas crianças, até financeiramente, e sempre tendo em conta o superior interesse das mesmas”, explica Dulce Rocha, presidente do Instituto de Apoio à Criança (IAC) à edição desta terça-feira do Correio da Manhã.

O mais provável, disse, ainda, Dulce Rocha, é que seja o modelo, de 31 anos, separado do cabeleireiro desde 2016, a assumir as responsabilidades parentais das três crianças: “É uma situação complicada, mas terá de ser aberto para nomear um tutor, que será muito provavelmente o Luís Borges, se tiver essa vontade. Também a governanta, que tem uma ligação afetiva muito grande às crianças, terá aqui um papel fundamental”.

De acordo com o jornal, já era com Alice, a governanta, que as crianças, de 9, 7 e 4 anos, passavam a maior parte do tempo, mesmo antes da morte do pai, pelo que também ela poderá assumir responsabilidades perante a justiça, como “corresponsável”.

Apesar de ter adotado legalmente as duas crianças mais novas, resgatadas a um orfanato em África, Eduardo Beauté, nascido Ferreira, era tutor legal e não pai da mais velha. Foi em 2012 que a recebeu em casa e se tornou responsável por ela, depois de os pais biológicos da criança, com trissomia 21, se terem declarado incapazes de a criar.

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