O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu esta terça-feira que a pasta atribuída a Portugal na Comissão Europeia “objetivamente tem relevo”, mas prefere aguardar pela forma como a comissária Elisa Ferreira a vai exercer.

No final de um almoço-debate da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, em Lisboa, Rio foi questionado pelos jornalistas sobre a atribuição à comissária designada por Portugal para integrar o futuro executivo comunitário, Elisa Ferreira, da pasta da Coesão e Reformas.

A pasta que coube à comissária de Portugal é uma pasta que objetivamente tem relevo, vai gerir fundos comunitários e os fundos são relevantes para todos os países, particularmente para Portugal”, defendeu.

No entanto, o líder do PSD considerou que “uma coisa é a pasta” e outra será a forma como Elisa Ferreira “consegue ou não gerir o poder que pode ter e se consegue, pelo facto de ser portuguesa, não prejudicar Portugal” na questão dos fundos.

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“Vai ter de ter muita habilidade para gerir uma pasta onde Portugal é notoriamente um país interessado”, alertou.

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Questionado se está “desencantado”, conforme afirmou o eurodeputado do PSD Paulo Rangel, Rio diz preferir aguardar pelo exercício do cargo por Elisa Ferreira.

“Nem fiquei nem deixei de ficar, vai ser medido com a forma como vai ser exercida a pasta. Ele pode estar com uma visão mais pessimista da margem de manobra que a dra. Elisa Ferreira pode ter, eu neste momento prefiro aguardar”, disse.

Paulo Rangel manifestou esta terça-feira “desencanto” com a pasta atribuída a Portugal na Comissão Europeia, considerando que “limita a margem de manobra” nos fundos estruturais, e mostrou-se também “dececionado” por não haver uma vice-presidência.

A nova Comissão Europeia deverá entrar em funções em 1 de novembro, depois do necessário aval da assembleia europeia.

Elisa Ferreira, 63 anos, foi ministra dos governos chefiados por António Guterres, primeiro do Ambiente, entre 1995 e 1999, e depois do Planeamento, entre 1999 e 2002, foi eurodeputada entre 2004 e 2016, tendo ocupado desde setembro de 2017 o cargo de vice-governadora do Banco de Portugal.

A futura comissária, a primeira mulher portuguesa a integrar o executivo comunitário desde a adesão de Portugal à comunidade europeia (1986), sucederá a Carlos Moedas, que foi comissário indicado pelo anterior governo PSD/CDS-PP, e que teve a seu cargo a pasta da Investigação, Ciência e Inovação e foi nomeado em novembro de 2014.