Enquanto nos Estados Unidos os desalojados que habitavam as zonas costeiras afetadas pelo furacão Dorian preparam-se para reconstruir as suas casas, no Canadá tem-se experimentado uma abordagem diferente. Num país que também sofre com este tipo de catástrofes em vez de reconstruir em zonas que podem voltar a ser engolidas por inundações, por exemplo, recomenda-se e apoia-se os moradores para que mudem de casa para outros locais, noticia o The New York Times.

Ao contrário dos EUA, que procura apoiar as reconstruções no mesmo local, o Canadá limitou os apoios a este tipo de desastre, forçando as pessoas a abandonar as suas casas. Esta decisão tem gerado diferentes reações, por um lado há quem se sinta aliviado, por outro há quem não consiga deixar de sentir uma grande perda. “Os canadianos estão a começar a reconsiderar se é sensato construir perto de zonas propensas a inundações”, disse ao The New York Times Jason Thistlethwaite, um professor de ambiente e gestão empresarial na Universidade de Waterloo, em Ontario (Canadá).

“Foi preciso que o governo agisse para obrigar as pessoas a tomarem melhores decisões”, acrescentou.

Uma das cidades atingidas é a cidade ribeirinha de Gatineau que, desde 2017, já sofreu duas grandes inundações. A população residente está, neste momento, à espera de saber a dimensão dos estragos provocados pela última intempérie, em abril. Aqueles que forem notificados para abandonar as habitações serão recompensados com uma ajuda monetária.

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David Foster, representante da associação Canadian Home Builders, que apoia a medida do governo canadiano, diz que “é esperado que as autoridades se comportem com maturidade e, por vezes, isso significa adotar a abordagem mais difícil, mas mais sensata”.

O Quebec tem sido a zona do país mais diligente nesta ação de prevenção. Desde 2005, a maior província do Canadá proibiu a construção e reconstrução de casas nas áreas de maior risco de inundação.

Na sua maioria, os residentes estão satisfeitos com esta solução. Se as pessoas deliberadamente reconstruirem em zonas de perigo, a certa altura “terão de ser elas a assumir a responsabilidade dos custos”, explicou ao The New York Times o Ministro da Segurança Pública do Canadá, Ralph Goodale.

Nos Estados Unidos o ritmo crescente de catástrofes como o Dorian tem aumentado o esforço financeiro do governo americano. Ou seja, o custo das reconstruções tem vindo a aumentar. No ano passado, os Estados Unidos registavam 36.774 casas e outros edifícios que tinham sido inundados e depois reconstruídos pelo menos duas vezes. Quase dez mil desses casos verificavam-se na Carolina do Norte, onde em média uma casa já foi inundada cinco vezes.

O Dorian é o terceiro furacão a atingir a Carolina do Norte, em quatro anos. Muitos dos locais inundados pelas tempestades anteriores foram reconstruídos, mas ficaram, novamente, submersos com a mais recente catástrofe.