A estreia de “Antígona”, de Mónica Garnel, e o espetáculo “Coleção de Artistas”, de Raquel André, marcam o arranque da temporada 2019/2020 do Teatro Nacional D. Maria II, com entrada gratuita nos dias 14 e 15 de setembro.

No próximo sábado, o Teatro Nacional D. Maria II reabre portas com a estreia, na Sala Garrett, de “Antígona”, de Sófocles, com encenação de Mónica Garnel, um espetáculo com um elenco de mais de 10 atores, que estará em cena até ao dia 6 de outubro.

A partir de uma cidade que vai adoecendo, Mónica Garnel propõe um espetáculo que procura a vertigem à medida que o conflito sobe, questionando temas intemporais que o texto de Sófocles, escrito por volta de 442 a.C., levanta: justiça, direitos humanos e direitos do poder instituído.Às questões levantadas pelo texto original, como, por exemplo, “O que é afinal a justiça?”, Mónica Garnel acresce outras.

Interessa-me tratar este clássico na sua atualidade, por um lado, e na sua humanidade, por outro”, disse a encenadora. “Vejo aqui, nesta possibilidade de interrogar o caráter humano, a âncora e âmago deste espetáculo, suportado no trabalho dos atores, aos quais se coloca o desafio de retratarem e atualizaram estas personagens arquetípicas, explorando as suas contradições, dúvidas e ímpetos”.

No mesmo dia, estreia também “Coleção de Artistas”, de Raquel André, terceiro movimento da sua “Coleção de Pessoas”, que conta já com “Coleção de Amantes” e “Coleção de Colecionadores”, que apresentou no Teatro D. Maria II em novembro de 2017.

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Na viagem que empreende em busca das suas pessoas, Raquel vai convocando diversos modos de colecionar pessoas, segredos, memórias e momentos partilhados com elas, que documenta em fotos, vídeo e texto e apresenta em palco. Partindo da dúvida se é possível, através de um momento de criação de um artista, ter acesso ao artista e à sua história, neste espetáculo Raquel André ocupa-se de cada artista, das suas práticas e ferramentas de trabalho, bem como dos seus pensamentos e biografias.

Em “Coleção de Artistas”, Raquel Navega sobre real e ficção, fantasia e impossibilidade, o quotidiano e a vida artística, procurando colecionar o efémero e transformá-lo em algo concreto e possível, através de um meio artístico e poético.

Este é o 5.º ano consecutivo em que o Teatro D. Maria II começa a temporada com a iniciativa entrada livre, abrindo portas ao público para mais de 15 atividades e espetáculos de entrada gratuita.

Neste âmbito, apresentam-se ainda mais três espetáculos: “Pur Présent”, do encenador francês e atual diretor do Festival d’Avignon, Olivier Py, “História da Loucura na Época Clássica de Foucault”, um espetáculo dirigido pela artista espanhola Angélica Liddell, e “A Caminhada dos Elefantes”, um espetáculo para famílias da dupla Inês Barahona e Miguel Fragata.

“Pur Présent” junta três curtas tragédias sobre o mundo de hoje, evocando personagens poderosas e situações extremas, em que as personagens se desafiam mutuamente para responder à questão central deste ciclo: como viver com dignidade?

“História da Loucura na Época Clássica de Foucault” é um espetáculo que resulta do projeto École des Maîtres, que todos os anos junta jovens atores europeus com um criador marcante da atualidade.

Quanto ao espetáculo “A Caminhada dos Elefantes”, conta a história de uma manada de elefantes, que faz uma caminhada misteriosa a casa de um homem especial quando ele morre, para lhe prestar a última homenagem.

Todos estes espetáculo são acessíveis mediante levantamento de bilhetes na bilheteira do teatro, a partir das 12:00 do próprio dia, com exceção de “A Caminhada dos Elefantes”, que carece de reserva prévia.

Durante este fim de semana, será possível assistir ainda a três lançamentos de livros e a cinco leituras encenadas, bem como fazer uma visita guiada à exposição “José Marques: fotógrafo em cena”, conduzida por um dos seus curadores.

No sábado à noite, a cantora e compositora moçambicana Selma Uamusse sobe à varanda do Largo de São Domingos para um concerto.