O Partido Trabalhista Português (PTP) propôs esta sexta-feira a compra de um navio ferry para assegurar o transporte de mercadorias, passageiros e veículos entre a Madeira e o continente, com o apoio do Governo da República e da União Europeia. “Sabemos que este é um anseio da população da Madeira, desde que o navio Naviera Armas foi embora, deixou de fazer a ligação ao continente”, afirmou a cabeça de lista do PTP às eleições legislativas da Madeira, Raquel Coelho, em declarações aos jornalistas, no âmbito de uma ação de campanha no porto do Funchal.

Considerando que a ligação marítima ao continente “é um serviço fundamental para o desenvolvimento da região autónoma da Madeira”, Raquel Coelho lembrou que o navio Naviera Armas cumpria essa função e “que tinha um custo zero para os madeirenses e porto-santenses”.

O Governo Regional não soube, infelizmente, aproveitar essa oportunidade e, talvez, o caso do navio Naviera Armas seja o exemplo mais paradigmático do quão pusilânime é este Governo em relação a um conjunto de interesses empresariais que atuavam no setor”, avançou a cabeça de lista do PTP às regionais madeirenses, agendadas para 22 de setembro.

De acordo com a deputada do PTP-Madeira, o navio Naviera Armas quando veio para a região conquistou uma grande quota de mercado e estava a fazer concorrência direta a outros armadores, nomeadamente no transporte de mercadorias, pelo que “houve muita pressão para que a linha fosse extinta”.

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Estes grupos empresariais que, infelizmente, têm o controlo sobre o poder político na região acabaram por colocar fim à ligação ao continente por parte do navio Naviera Armas”, acusou Raquel Coelho, referindo que, neste momento, os madeirenses para conseguirem a ligação marítima ao continente têm que pagar.

Na perspetiva do PTP, a Madeira deve “adquirir um barco”, em parceria com o Governo da República e a União Europeia, cuja gestão deve ser pública, para assegurar a ligação marítima a “preços mais competitivos”, salvaguardando a mobilidade dos cidadãos e o desenvolvimento económico do arquipélago, nomeadamente o setor do turismo.

Neste âmbito, a deputada criticou a entrega da operação ferry à Empresa de Navegação Madeirense (ENM), em que o serviço opera “apenas nos três meses de verão” e “tem indemnizações compensatórias no valor de 12 milhões de euros apenas para o transporte de pessoas e veículos”.

O custo-benefício é muito diminuto para a população da Madeira e do Porto Santo e há que encontrar outra solução”, frisou Raquel Coelho.

Sobre a adquisição de um navio ferry, a cabeça de lista do PTP admitiu que tal é oneroso, mas é possível com o corte nas parcerias público-privadas rodoviárias, que absorvem 134 milhões de euros “apenas para fazer a manutenção da via rápida, um custo extremamente excessivo”. “Se cortássemos isto para metade, já tínhamos dinheiro para adquirir um barco e manter a linha semanal para o Continente”, apontou.

Se integrar o próximo Governo Regional, o PTP vai tentar que o Naviera Armas “retome essa mesma linha, nos mesmos moldes que havia anteriormente”, de forma gratuita, disse Raquel Coelho, explicando que, se tal não for possível, a proposta é adquirir um barco para “garantir a continuidade territorial, que na verdade é um direito essencial para os madeirenses e porto-santenses”.

As eleições regionais legislativas da Madeira, onde os sociais-democratas governam com maioria absoluta, decorrem em 22 de setembro, com 16 partidos e uma coligação a disputar os 47 lugares no parlamento regional: PDR, CHEGA, PNR, BE, PS, PAN, Aliança, Partido da Terra-MPT, PCTP/MRPP, PPD/PSD, Iniciativa Liberal, PTP, PURP, CDS-PP, CDU (PCP/PEV), JPP e RIR.