As datas FIFA, ou seja, as semanas ao longo das temporadas em que as ligas são interrompidas para os compromissos das seleções, são alvo de repetidas críticas ao longo dos anos. Normalmente, porque quebram ritmos e dinâmicas de treino, porque obrigam a viagens e porque provocam lesões que acabam por desfalcar os clubes. Mas mais do que isso, as críticas surgem normalmente na semana a seguir a esses compromissos das seleções, quando os resultados das principais equipas são o espelho notório do cansaço dos jogadores e de uma semana em que o grupo não trabalhou em conjunto.

Taarabt e a arte de ser solução para o que não era problema (a crónica do Benfica-Gil Vicente)

No primeiro dia deste fim de semana, os resultados de algumas das principais equipas europeias são a prova disso mesmo: o Manchester City perdeu com o Norwich, a Juventus empatou com a Fiorentina, o Bayern Munique empatou com o RB Leizpig, o Atl. Madrid perdeu com a Real Sociedad, o Lyon empatou com o Amiens e o PSG só marcou o golo da vitória perante o Estrasburgo já no período de descontos. Em Portugal, o Benfica conseguiu escapar à tendência — mesmo com um jogo pouco conseguido e uma segunda parte para lá de morna, depois do segundo golo — e venceu o Gil Vicente, regressando às vitórias na Luz. Mas Bruno Lage não escondeu que tinha receio de repetir os deslizes do Manchester City, do Atl. Madrid ou da Juventus.

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“Foi uma vitória muito importante, são mais três pontos. Tivemos uma boa entrada até aos 10, 15 minutos, quando ocorreu aquela situação do Pizzi. A equipa nem sempre teve a paciência necessária. Tivemos uma entrada forte na segunda parte, o golo deu alguma tranquilidade. Não deve servir como desculpa mas senti que ficámos confortáveis no jogo. Os nossos atletas pagam caro estarem nas seleções e termos jogo na terça-feira. Gostávamos de ser mais consistentes durante os 90 minutos. O meu receio era que fosse um jogo semelhante ao do Tondela na última época, após a paragem internacional, diante de equipas organizadas que nos retardassem o golo”, explicou o treinador, recordando a receção do Benfica à equipa de Viseu no ano passado, em que um golo solitário de Seferovic já nos instantes finais acabou por decidir um encontro que estava muito complicado.

Pizzi marcou pela oitava vez esta temporada (seis na Primeira Liga, sendo o melhor marcador) e marcou pela primeira vez na sequência de um pontapé de canto desde que está no Benfica. Sozinho, o médio português é responsável por quatro dos últimos sete golos dos encarnados — sendo que os restantes três foram autogolos. Bruno Lage não se mostrou surpreendido com a “veia goleadora” de Pizzi e lembrou ainda que nem sempre é possível ganhar jogos com goleadas. “A alegria de vencer por quatro, por cinco ou por seis é completamente diferente nas bancadas do que ganhar por um ou por dois. Mas o futebol é isto”, explicou o treinador, que deixou ainda a garantia de que Tomás Tavares se vai estrear em breve pela equipa principal do Benfica — já que o jovem jogador esteve para entrar mas a substituição acabou por não ser feita antes do apito final. “Queríamos dar a estreia ao Tomás Tavares. É um miúdo que no último ano andou a jogar nos Sub-23, não teve a oportunidade de jogar connosco, mas já jogou pela equipa B. Queríamos dar-lhe a oportunidade de fazer a estreia pela equipa principal. É um facto que seria com poucos minutos, mas era aquilo que o jogo pedia. Certamente que terá mais oportunidades para se estrear”, revelou Bruno Lage.