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Taarabt e a arte de ser solução para o que não era problema (a crónica do Benfica-Gil Vicente)

Este artigo tem mais de 4 anos

Taarabt voltou a ser o melhor em campo e é a solução ideal para um setor do Benfica que não era um problema mas que já é difícil de imaginar sem ele. A crónica da vitória dos encarnados frente ao Gil.

O médio marroquino voltou a ser titular
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O médio marroquino voltou a ser titular

AFP/Getty Images

O médio marroquino voltou a ser titular

AFP/Getty Images

O período que o Benfica está a viver no pós-derrota na Luz com o FC Porto poderia perfeitamente ter sido escrito pelo realizador dos sonhos dos adeptos encarnados. Na semana seguinte, a equipa de Bruno Lage visitou o Sp. Braga, naquela que é uma das deslocações mais difíceis da Primeira Liga, e goleou por 4-0; depois disso, seguiu-se uma interrupção para os compromissos internacionais que ajudou a deixar no passado, de vez, o desaire com os dragões; e agora, para regressar ao ritmo antes do início da Liga dos Campeões, jogava na Luz a um sábado à tarde perante um estádio bem composto.

Pelo meio, e porque nem tudo são boas notícias, Florentino foi dispensado da concentração dos Sub-21 devido a uma lesão no joelho e era baixa para a receção ao Gil Vicente. Saltava Fejsa para o onze, naquela que era a única alteração que Bruno Lage fazia face à equipa que goleou o Sp. Braga — com Taarabt a manter então a titularidade. A entrada em campo dos habituais titulares, sem espaço para poupanças dos mais utilizados Pizzi, Rafa ou Rúben Dias, tornava-se particularmente relevante se tivermos em conta que o Benfica volta a jogar já na terça-feira, contra o RB Leipzig e para a fase de grupos da Liga dos Campeões. A opção de Lage pelos naturalmente titulares, ainda que tenha de sofrer a ressalva de estarmos numa fase embrionária da temporada, é uma indicação daquilo que o treinador encarnado deixou patente na última época e cuja fórmula vai procurar repetir este ano.

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Ficha de jogo

Benfica-Gil Vicente, 2-0

5.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Benfica: Odysseas, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Pizzi, Fejsa, Taarabt, Rafa (Caio Lucas, 71′), Raúl de Tomás (Jota, 77′), Seferovic

Suplentes não utilizados: Zlobin, Tomás Tavares, Jardel, Samaris, Cervi

Treinador: Bruno Lage

Gil Vicente: Denis, Fernando, Rodrigo, Nogueira, Ruben Fernandes, João Afonso (Leonardo, 82′), Soares, Kraev, Lino (Romário Baldé, 45′), Sandro Lima, Baraye

Suplentes não utilizados: Quindim, Erick, Arthur, Vente, Ahmed

Treinador: Vítor Oliveira

Golos: Nogueira (ag, 45′), Pizzi (53′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Nogueira (30′), Kraev (45+1′), William (78′), Baraye (80′)

Mesmo com Luís Filipe Vieira e Rui Costa a assumirem que o Benfica tem um projeto europeu que assenta na formação e que tem como objetivo voltar a ter ambições quanto à Liga dos Campeões a curto-médio prazo, a verdade é que nesta altura — e na realidade natural e normal do panorama do futebol europeu — a prioridade dos encarnados continua a ser a Primeira Liga. Se na Champions (ou na Liga Europa, em caso de o Benfica ficar em terceiro no grupo), as metas traçadas passam por fazer o melhor possível e chegar o mais longe possível, sempre sem colocar em causa o rendimento dos jogadores a nível interno, no Campeonato o objetivo claro é a revalidação do título nacional. E essa trave mestra de Bruno Lage dificilmente se vai alterar ao longo da temporada, mesmo quando os jogos de três em três dias se tornem regulares.

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Este sábado, na Luz, uma vitória teria o efeito prático de pressionar FC Porto e Sporting, que só jogam este domingo, e não deixar fugir o Famalicão, que goleou o P. Ferreira e mantém-se na liderança isolada da Primeira Liga. O adversário, mesmo sendo um recém-promovido, não era o ideal: o Gil Vicente venceu o FC Porto na jornada inaugural do Campeonato e só perdeu uma vez desde o início da temporada, ainda que não tenha conseguido voltar a ganhar precisamente desde o encontro com os dragões. A equipa de Vítor Oliveira, que se renovou totalmente para regressar ao principal escalão do futebol português (entraram 24 reforços no plantel gilista), apresentava-se na Luz muito compacto, com as linhas muito juntas e a funcionar em bloco, o que dificultava a entrada dos jogadores encarnados na zona mais recuada do Gil.

A dificuldade de entrar com a bola controlada no último terço do terreno adversário obrigava então o Benfica a explorar situações mais incaracterísticas e que distanciam do ADN habitual de Bruno Lage, como as bolas paradas. A primeira oportunidade de golo apareceu precisamente assim, com um pontapé de canto na direita que descobriu Ferro ao segundo poste (8′); o central cabeceou pouco por cima da baliza de Denis. Pouco depois, numa transição rápida, Pizzi foi carregado em falta por Nogueira no interior da grande área e João Pinheiro não teve qualquer dúvida na hora de assinalar grande penalidade (10′). O capitão encarnado tentou converter o penálti, tal como já havia feito na jornada anterior com o Sp. Braga, mas Denis evitou o primeiro golo do jogo com uma boa defesa e tornou-se apenas o segundo guarda-redes da Primeira Liga a defender uma grande penalidade esta temporada.

Depois do penálti, o Benfica voltou a não conseguir pegar no jogo de forma coerente e perigosa, mantendo-se sempre com posse mas longe da grande área do Gil Vicente. Do outro lado, a equipa de Vítor Oliveira procurava principalmente a transição rápida e a exploração de situações de superioridade numérica, sem nunca descurar a organização defensiva onde os encarnados estavam a esbarrar. O conjunto orientado por Bruno Lage esteve 20 minutos sem criar ocasiões de golo — dos 10 minutos à meia-hora — e essa escassez de esclarecimento e inspiração era visível principalmente em Rafa, que estava a passar ao lado do jogo. Esse paradigma mudou ligeiramente a partir de uma oportunidade de Seferovic, que cabeceou novamente depois de uma bola parada (32′), e de uma outra de Pizzi, que recebeu um passe de Rafa ao segundo poste e rematou para uma defesa enorme de Denis (39′).

O Gil Vicente respondeu com uma ocasião que Vlachodimos resolveu (40′) mas o Benfica conseguia, nesta altura, empurrar a equipa de Barcelos para junto da própria grande área: muito graças à dupla inédita do meio-campo, Taarabt e Fejsa, que estavam a ser os melhores jogadores encarnados e que funcionavam muito bem enquanto ligação entre o setor mais recuado e o mais adiantado. No último minuto do tempo regulamentar da primeira parte, o Benfica acabou por conseguir chegar à vantagem com um autogolo de Nogueira (45′), que desviou para a baliza depois de um passe rasteiro de André Almeida à procura de Raúl de Tomás. Os encarnados iam para o intervalo a ganhar mas sem terem realizado uma grande exibição e com avisos claros do Gil Vicente de que o resultado não era garantido.

Na segunda parte, Vítor Oliveira lançou Romário Baldé no lugar de Lino e o Gil Vicente poderia ter empatado logo nos primeiros instantes, com Kraev a tirar Rúben Dias da frente e a rematar pouco por cima da baliza de Vlachodimos (49′). O Benfica regressou do intervalo tal e qual como tinha saído para o balneário, pouco ligado ao jogo e sem grande inspiração nem criatividade para colocar a bola entre as linhas do Gil. No meio campo, ainda assim, o marroquino Taarabt — que nesta pausa para as seleções foi titular e capitão da equipa de Marrocos — permanecia um pêndulo consistente, sem falhar passes e a efetuar inúmeros desarmes, numa atitude que se destacava principalmente devido à inferior reação à perda dos colegas de equipa.

[Carregue na imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Gil Vicente:]

O falhanço de Kraev acabou por ser um turning point no jogo: se o médio búlgaro tivesse marcado, a partida ficava empatada logo no início da segunda parte e totalmente relançada; como o médio búlgaro não marcou, o Benfica chegou ao segundo golo poucos minutos depois e acabou por dar uma machadada praticamente decisiva no encontro. Depois de ter falhado uma grande penalidade e uma oportunidade clara ainda na primeira parte, Pizzi conseguiu chegar ao golo com um remate de primeira no seguimento de um canto batido na direita por Grimaldo (53′) e aumentou a vantagem encarnada sem ainda estarem cumpridos dez minutos da segunda parte.

O ritmo caiu de forma natural a partir do golo de Pizzi, Bruno Lage lançou Caiu Lucas no lugar do desinspirado Rafa e Jota no lugar do azarado Raúl de Tomás (que, tal havia acontecido com o Sp. Braga, viu um defensor adversário roubar-lhe o primeiro golo pelos encarnados) e o Benfica mostrava pouca frescura física, resultante da pausa para as seleções. O Gil Vicente teve mais bola a partir do segundo golo e procurou sempre o reduzir da desvantagem que poderia relançar a partida mas mostrava pouca clareza na hora de fazer entrar o último passe ou de rematar à baliza. O jogo arrastou-se até ao apito final, com as duas equipas a mostrarem muito pouco no derradeiro quarto de hora.

O Benfica somou a segunda vitória consecutiva na antecâmara da receção ao RB Leizpig, esta terça-feira para a Liga dos Campeões, e fica agora à espera daquilo que fazem FC Porto com o Portimonense e Sporting com o Boavista. Sem ser brilhante, a equipa de Bruno Lage conseguiu garantir os três pontos a solucionar vários problemas: solucionou a lesão de Florentino com a aposta em Fejsa, que foi dos melhores dos encarnados; solucionou a dificuldade em criar oportunidades de bola corrida ao tornar-se perigoso de bola parada; e solucionou a carreira de Taarabt, que depois de ter regressado à seleção de Marrocos após quase cinco anos de ausência voltou a ser o melhor jogador do Benfica, tal como já tinha sido há duas semanas em Braga. Pelo meio, tornou-se a solução clara para um setor que não tinha problemas mas que já é difícil de imaginar sem ele.

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