A Arábia Saudita e investigadores norte-americanos consideram que existe uma “grande probabilidade” de o ataque deste fim de semana a duas petrolíferas do Aramco, em Abqaiq e Khurais, ter sido feito a partir de uma base no Irão, perto da fronteira com o Iraque. A informação foi avançada pela CNN, que cita uma fonte próxima às investigações.

Além dos drones, os mísseis de cruzeiro que terão sido lançados, acrescenta o mesmo meio, voaram a baixa altitude e passaram no norte de Abqaiq, voando pelo sul do Iraque e também pelo espaço aéreo do Kuwait antes de atingirem o seu alvo. A mesma fonte acrescenta que esta trajetória implicaria que o ponto de lançamento do ataque tivesse que ser “mascarado”.

Confrontado com estas informações, o Iraque ainda não deu resposta à CNN e o Pentágono recusou comentar a situação, tendo mais tarde o porta-voz do governo norte-americano, Hogan Gidley, dito aos jornalistas que, para já, não pode dizer “definitivamente” que o Irão esteve por detrás deste ataque, mas que é muito provável que tenha sido esse o cenário.

Ataques com drone reivindicados pelos rebeldes do Iémen provocam incêndios em refinarias sauditas

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O ataque deste fim de semana provocou incêndios nas duas instalações petrolíferas do gigante saudita Aramco e foi reivindicado pelos rebeldes iemenitas Huthis, apoiados politicamente pelo Irão, grande rival regional da Arábia Saudita. Este grupo reivindica regularmente lançamentos de mísseis com drones contra alvos sauditas e afirma que age como represália contra os ataques aéreos da coligação militar liderada pela Arábia Saudita, que intervém no Iémen em guerra desde 2015.

Do lado dos Estados Unidos, o ataque foi condenado “firmemente” pela Casa Branca e por Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, que acusou o Irão de ter “lançado um ataque sem precedentes contra o fornecimento energético mundial”.

Pelo contrário, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Mousavi, disse que estas acusações eram “incompreensíveis e insensatas”, sugerindo que deverão justificar “ações futuras” contra o Irão, uma vez que pretendem “minar a reputação de um país, para criar um quadro para no futuro lhe aplicar sanções”. Também o próprio ministro Javad Zarif disse esta terça-feira que os Estados Unidos estão “em negação se pensam que as vítimas dos 4.5 anos dos piores crimes de guerra do Iémen não iriam fazer tudo para responder de volta”. E acrescenta: “Culpar o Irão não vai mudar isso”.

Depois deste ataque às duas petrolíferas, a produção saudita chegou a baixar para metade — 5,7 milhões de barris por dia, cerca de 6% do fornecimento mundial. O ministro da Energia da Arábia Saudita, entretanto, assegurou em conferência de imprensa esta terça-feira que o fornecimento de petróleo regressou aos níveis anteriores ao ataque, tendo recuperado mais de metade da produção que foi afetada. Este foi o terceiro ataque em cinco meses contra duas instalações.

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