A ministra da Saúde disse esta terça-feira, em Coimbra, que o seu ministério está “empenhadíssimo” em contrariar a falta de medicamentos nas farmácias portuguesas.

É uma situação que nos preocupa imensamente e que estamos empenhadíssimos em contrariar”, sublinhou Marta Temido, no final da cerimónia de comemoração dos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A governante respondia desta forma à denúncia de 70 associações de doentes, que enviaram uma carta ao Infarmed a alertar para a “realidade assustadora” de doentes cujo estado de saúde se tem agravado devido à falta de medicamentos nas farmácias e à não aprovação de fármacos inovadores.

“Temo-nos deparado com situações de falhas e algumas ruturas no acesso ao medicamento e foi por isso que introduzimos alterações legais recentes”, salientou a governante.

Em declarações aos jornalistas, Marta Temido disse conhecer o teor da carta e adiantou que o Infarmed vai receber as associações de doentes para discutir as dúvidas e as questões suscitadas.

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Na carta, a que a agência Lusa teve acesso, as associações de doentes que integram a Convenção Nacional de Saúde referem, em especial, os medicamentos para o cancro e lamentam a demora na aprovação de medicamentos inovadores.

Ministra da Saúde aponta três desafios para Serviço Nacional de Saúde

Durante a sua intervenção na cerimónia de encerramento das comemorações dos 40 anos do SNS, que decorreram esta terça-feira no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, a governante diagnosticou três desafios para o sistema nacional de saúde.

Assim, o SNS precisa de melhorar a qualidade de acesso, motivar os profissionais de saúde e aumentar a sua produtividade e reforçar o investimento, disse a ministra da Saúde.

Apesar da relevância do caminho percorrido e das suas conquistas, a forma mais importante de comemorar o 40.º aniversário do SNS será prepará-lo para o futuro. Ao longo dos últimos 40 anos a sociedade portuguesa modificou-se profundamente e essas modificações colocam novos desafios à sua organização”, salientou.

O primeiro desafio prende-se “com o envelhecimento demográfico, com as alterações epidemiológicas e as multimorbilidades”, radiografou Marta Temido, referindo que esta conjugação de fatores tem gerado uma “procura crescente” na procura de cuidados de saúde.

Entre 2015 e 2018, frisou, o número de inscritos para consulta hospitalar através dos cuidados de saúde primários cresceu cerca de 5% e o de inscritos para cirurgia cerca de 7%.

“A resposta a este desafio implica melhorar a qualidade de acesso, continuando o investimento nos cuidados de saúde primários, conferindo-lhes meios mais diferenciados para responder em proximidade às necessidades, em articulação com as autarquias, e apostando na redução das listas de espera e introdução de cuidados de literacia para a adoção de estilos de vida saudáveis”, argumentou.

Perante uma plateia repleta, em que se encontravam vários antigos ministros da saúde, Marta Temido disse que a “capacidade de superar os desafios que o SNS enfrenta envolve compromissos de todos os atores”.

Da mesma forma que para aprovar uma nova Lei de Bases da Saúde foi essencial a capacidade de trabalhar em conjunto e gerar entendimentos, melhorar a qualidade do acesso, estimular e motivar o orgulho pelo trabalho no SNS e planear e investir com rigor exigirá diálogo e transparência sobre o que nos move”, sublinhou.

Segundo a ministra da Saúde, o SNS não é “só um prestador de serviços, ele é sobretudo um instrumento de combate às desigualdades e de reforço da coesão social”, cuja melhoria “cabe a todos”.

Durante a sessão, foi apresentado o livro “40 anos do SNS”, da autoria da antiga jornalista Maria Elisa Domingues, pelo antigo ministro do Trabalho e Segurança Social Bagão Félix e Isabel Soares. A cerimónia incluiu ainda o lançamento do selo comemorativo dos 40 anos do SNS.