O Terrorista Elegante e Outras Histórias é uma “brincadeira entre amigos”. Foi assim que José Eduardo Agualusa o descreveu no Festival Internacional de Literatura de Berlim, onde participou. O livro, escrito a quatro mãos com Mia Couto e lançado em Portugal este mês, reúne três novelas que partiram de peças de teatro. Um trabalho que “exige uma intimidade grande” e que “não é possível se não houver amizade”, confessou o autor angolano, em entrevista à Agência Lusa.

“Este livro são três contos longos que resultam de três peças de teatro que escrevemos em conjunto, algumas delas em presença um do outro, outras longe um do outro, mas trocando correspondência. Depois fizemos a adaptação para contos. Foi uma experiência muito divertida. Se as pessoas se divertirem tanto a ler como nós nos divertimos a escrever, acho que vão gostar”, contou  Agualusa.

Na opinião do escritor, “O Terrorista Elegante”, “a história principal” é “muito atual”. “É a história da criação de um terrorista pela necessidade que, às vezes, aqui no ocidente existe de apresentar um inimigo com rosto visível. É uma paródia, uma comédia, mas sobre uma questão muito séria”, descreveu.

José Eduardo Agualusa e Mia Couto pela primeira vez juntos no mesmo livro

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O processo de escrita “não foi rápido”, admitiu Agualusa, sublinhando que, juntamente com a adaptação, foram “anos de trabalho” em que a comunicação entre os dois correu sempre bem. “Comunicámos através das redes sociais. Um escreve uma coisa, envia para o outro, o outro corrige, acrescenta alguma coisa, envia novamente. É uma construção conjunta. A verdade é que neste momento seria impossível dizer o que cada um escreveu.”

“Às vezes algumas pessoas dizem, ‘Isto foi o Mia’, mas nós próprios não sabemos quem escreveu o quê. A primeira peça que fizemos foi a partir de uma ideia do Mia, e eu tentei, de alguma maneira, aproximar-me da escrita dele. A segunda foi o contrário, foi a partir de um conto meu que já estava escrito. E a terceira foi a partir de uma notícia de jornal, que foi construída em Maputo, estávamos juntos e escrevemos em casa do Mia. Um dizia uma frase e outro dizia outra”, esclareceu.

A 19.ª edição do Festival Internacional de Literatura de Berlim termina no próximo sábado, 21 de setembro.