O Facebook afirmou em comunicado que suspendeu “dezenas de milhares” de aplicações que podem ter utilizado indevidamente os dados pessoais dos utilizadores. A empresa, que detém também plataformas como o WhatsApp e o Instagram, diz que a investigação interna que levou a esta suspensão massiva de serviços, que teve como origem o caso Cambridge Analytica, ainda está a decorrer.

Segundo a empresa fundada e liderada por Mark Zuckerberg, estas aplicações estavam ligadas a apenas 400 programadores. Ao todo, a rede social afirma que ao longo destes 18 meses já investigou “milhões de apps”. Mas também reconhece que ainda não cumpriu a própria promessa de investigar todas as apps que antes de 2014 (quando as regras do Facebook permitiam um maior acesso a terceiros) estavam ativas.

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Apesar de algumas apps poderem estar a utilizar indevidamente dados dos utilizadores, a rede social sublinha que muitas das aplicações suspensas estavam inativas e não houve resposta dos programadores depois de o Facebook ter tentado entrar em contacto. No entanto, nos casos em que encontrou um uso indevido de informação, a rede social garante que acionou mecanismos jurídicos para que sejam aplicadas sanções, como foi o caso da empresa sul-coreana de análise de dados Rankwave. O Facebook diz ainda que processou dois homens ucranianos, Gleb Sluchevsky e Andrey Gorbachov por criarem testes (quizz)  na rede social para roubar dados pessoais.

Em março de 2018 foi revelado que a consultora britânica Cambridge Analytica utilizou uma aplicação para recolher indevidamente dados de 87 milhões de utilizadores do Facebook sem o seu conhecimento e com fins políticos. Noutros países além dos EUA, que terminou a investigação após uma sanção de cinco mil milhões de dólares pela FTC, continuam a decorrer investigações à forma como o Facebook lidou com a falha de segurança, como é o caso do Reino Unido.

Desde que o caso Cambridge Analytica foi divulgado pelo The New York Times, o The Guardian e o Channel 4, em março de 2018, que o Facebook tem lutado para recuperar a confiança do público. Durante a investigação, Mark Zuckerberg prestou declarações no Congresso dos EUA, no Parlamento Europeu e houve inúmeras medidas implementadas pela empresa para os utilizadores sentirem que têm um maior controlo dos dados que cedem.

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Mesmo assim, o último ano não ficou marcado apenas pelo escândalo da consultora britânica. Houve falhas da rede social que deixaram milhões de utilizadores com dados comprometidos e mudanças base na estrutura da empresa que detém outras plataformas como o Instagram ou o WhatsApp. Ainda em julho, foi divulgado que uma das apostas da empresa direcionada a menores tinha uma falha que comprometia a empresa.

O Facebook afirmou ainda que, no futuro, vai continuar a seguir o acordo a que chegou com a FTC para ter maior transparência sobre as aplicações que existem nas suas plataformas. Contudo, diz: “As pessoas precisam de saber que estamos a proteger sua privacidade. E, de maneira geral, estamos a progredir. Não vamos apanhar tudo, e parte do que conseguiremos encontrar será com a ajuda de outros fora do Facebook”.

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