Um medley dos Xutos & Pontapés figurou entre o repertório que o maestro da banda da Força Aérea Portuguesa levou a Cabo Verde para ensaiar com a banda militar local, uma experiência nova que agradou a todos.

Com mais de 40 elementos e quase 35 anos de existência, o regente da banda militar de Cabo Verde, capitão Roberto Tavares, disse que o grupo sempre desempenhou as suas funções “com muita dedicação”, mas que havia necessidade de uma cooperação para troca de experiências. E daí surgiu a ideia de potenciar a cooperação militar entre Cabo Verde e Portugal, que tem dado frutos em outras áreas, mas que agora afina os primeiros acordes a nível musical.

Para isso, durante esta semana esteve no país o maestro da banda de música da Força Aérea Portuguesa, António Rosado, para prestar Assessoria Técnica e Temporária (ATT) à banda militar de Cabo Verde, em ensaios que decorreram no Comando da 3.ª Região Militar do país.

Além das marchas militares e de algumas músicas cabo-verdianas, o reportório dos ensaios incluiu o Concerto A’Amore, ABBA Gold, Alvamar Overtune e um medley do grupo de rock português Xutos & Pontapés.

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“Eu trouxe o nosso cunho pessoal em termos do repertório português, passamos aqui um grupo de rock, que são os Xutos & Pontapés, um ‘medley’, e é um grupo que é conhecido muito em Portugal, mas também internacionalmente. Tem aqui grande impacto e também uma linguagem específica e própria da comunidade portuguesa”, salientou António Rosado à agência Lusa. A formação terminou esta sexta-feira e não deu tempo para uma apresentação ao público, mas o maestro principal da banda militar portuguesa considerou que foi “extremamente proveitoso”.

“Há coisas que nós fazemos diferentes, há coisas que eles fazem diferente e, acima de tudo, foi bom complementar as duas ideias e aprender uns com os outros, porque a música é uma linguagem que nunca se perde e está-se sempre a adquirir algumas experiências e valências, porque a vida é mesmo assim”, salientou Rosado, que é natural de Évora.

Maestro principal da banda de música da Força Aérea Portuguesa desde 2016, António Rosado não tem dúvidas que a congénere cabo-verdiana está agora “mais do que afinada” com essa “grande partilha” de ideias, experiências e conhecimentos.

Quanto ao futuro, disse que vai fazer um relatório sobre a formação, esperando que estas e outras iniciativas se repitam mais vezes, porque as bandas militares são “meios de divulgação cultural extremamente valiosos”.

A banda militar de Cabo Verde é composta por 47 elementos, sendo 27 militares, tendo destes 24 participado nos cinco dias de ensaios, segundo Roberto Tavares. Regente da banda há sete anos, o capitão disse que a semana foi de muita aprendizagem, uma vez que os militares cabo-verdianos estiveram em contacto com um maestro diferente, com exigências e técnicas diferentes.

“E assim acabamos por aprender e mostrar um pouco de conhecimento individual e coletivo e fazer com que a correspondência dos músicos vão ao encontro às exigências do maestro”, frisou. Para Roberto Tavares, o ensaio de músicas portuguesas foi “muito bom, uma experiência diferente”. “O maestro acabou por trazer novos desafios, acredito que os nossos músicos ficaram satisfeitos com o trabalho que trouxeram aqui, uma experiência nova com música portuguesa”, notou.

O maestro cabo-verdiano afirmou que a formação contribuiu para “abrir horizontes” dos músicos cabo-verdianos, e acredita que a partir de agora estão “disponíveis e prontos” para abraçar novos desafios e outras atividades.