Dois ensaios, mais metros percorridos (72), mais defesas batidos (seis), mais corridas ofensivas feitas (seis). E só até ao intervalo. O Inglaterra e Tonga, que marcava a estreia da seleção da Rosa no Mundial, não iria ter uma grande história em termos teóricos dada a diferença de valores entre os dois conjuntos mas até meio da primeira parte imperou o equilíbrio. Depois, apareceu Manu Tuilagi e tudo mudou. Foi ele o MVP do encontro, numa estreia de sonho que coroou uma verdadeira odisseia.

Nascido em maio de 1991 em Fogapoa, em Samoa (que ainda hoje, na primeira pessoa, continua a considerar a sua terra natal), o jogador é o mais novo de vários irmãos que marcaram uma era: os já retirados Freddie (48 anos) e Henry (43), Alesana (38), Anitelea (33) e Sanele (31), os três últimos ainda no ativo e internacionais por Samoa – além de atuarem todos no Leicester. Com apenas 12 anos, Manu viajou para o Reino Unido onde já estavam todos os irmãos, começando a jogar no modesto Rumney RFC quando vivia em Cardiff. Três anos depois, mudou-se para Leicester e entrou na academia dos Tigers.

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Tudo corria bem a Manu até que, em 2010, correu o risco de ser deportado para Samoa, por ter entrado no país com visto de férias e estar há seis anos numa condição ilegal em Inglaterra sem que ninguém soubesse. O caso acabou por ir para tribunal e conseguiu mesmo garantir a possibilidade de permanecer sem mais problemas com a justiça, abrindo a hipótese de ser chamado à seleção da Rosa, o que aconteceria a partir do ano seguinte mesmo que de forma irregular, perante os altos e baixos que foi tendo ao longo da sua carreira. “Consegui superar os meus momentos mais negros, as muitas lesões, outros problemas… Tive apoio dos meus companheiros e da minha família”, sublinhou numa entrevista recente.

Depois da participação no Mundial de 2011, onde a Inglaterra caiu com a França nos quartos, e de ter falhado o Campeonato do Mundo de 2015 organizado pelos britânicos, Manu Tuilagi regressou aos maiores palcos pela seleção da Rosa e foi uma das figuras no triunfo da equipa de Eddie Jones por convincentes 35-3, marcando os dois primeiros ensaios da partida (um com conversão) que, com duas penalidades de Owen Farrell, faziam o 18-3 ao intervalo. No segundo tempo, dois ensaios com conversão de Jamie George e Luke Cowan-Dickie e outra penalidade de Farrell fixaram o resultado final no outro encontro do grupo C desta primeira ronda, depois do triunfo apertado da França frente à Argentina deste sábado (23-21).