Os jogos da Liga dos Campeões a meio da semana podem trazer injeções de energia para as competições internas, em caso de bons resultados, ou desgastar física e psicologicamente uma equipa, em caso de deslize. No que diz respeito a Chelsea e Liverpool, que este domingo se encontravam em Stamford Bridge para a Premier League, o cenário escolhido era o segundo: a equipa de Frank Lampard perdeu em casa com o Valencia na primeira jornada da Champions, a de Jürgen Klopp foi a Itália ser derrotada pelo Nápoles na primeira partida que fez na campanha de defesa do título europeu.

Na hora de voltar à liga inglesa, o Chelsea recebia o líder da tabela sem ainda ter vencido em casa esta temporada e o Liverpool viajava até Londres com mais três pontos do que o Manchester City (mas já com a pressão imposta pela equipa de Guardiola este sábado, que goleou o Watford por 8-0). Lampard voltava a ter N’Golo Kanté disponível para o meio-campo e apostava novamente nos jovens Tomori, Mason Mount e Tammy Abraham no onze inicial, enquanto que Klopp apresentava aquela é atualmente a equipa tipo dos reds, com um dos trios ofensivos mais poderosos do futebol europeu e Wijnaldum, Fabinho e Henderson na linha intermédia.

N’Golo Kanté regressou este domingo ao onze do Chelsea

Depois de vencer o Wolverhampton na jornada passada de forma convincente, ao ser totalmente superior à equipa de Nuno Espírito Santo, o Chelsea aparecia perante o Liverpool apoiado por uma estatística sugestiva: na história da Premier League, os blues venceram o líder da classificação 18 vezes, pelo menos mais três do que qualquer outra equipa. Mas a tarefa deste domingo, ainda assim, era dificultada pelo facto de o conjunto de Jürgen Klopp não perder para o Campeonato há 22 jogos e ter perdido apenas uma vez nos últimos 44, a maior série sem derrotas desde 1990. E isso deve-se, além da consistência defensiva, à enorme eficácia ofensiva — que ficou visível ainda antes de estar fechado o primeiro quarto de hora.

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Mané ganhou um livre mesmo à entrada da grande área e Salah, na hora de bater, colocou em prática um lance ensaiado e deixou a bola para trás e para a entrada de Trent Alexander-Arnold; o lateral do Liverpool encheu o pé, bateu de primeira e não deu hipótese a Kepa (14′). O Chelsea reagiu bem e obrigou os reds a juntar as linhas e a dar prioridade à defesa mas não conseguia criar verdadeiras oportunidades de golo, à exceção de um remate de Abraham totalmente isolado que Adrián parou. A dominar a partida, não só por estar a jogar melhor mas porque o Liverpool também o permitia, a equipa de Lampard alcançou o empate por intermédio de Azpilicueta mas a jogada foi prontamente anulada pelo VAR por fora de jogo (27′), num momento que acabou por se tornar de viragem na história da primeira parte.

Escassos minutos depois de Azpilicueta bater Adrián, ainda que de forma ilegal, a equipa de Klopp aumentou a vantagem, novamente através de uma bola parada. Depois de um livre na esquerda, Roberto Firmino aparece a saltar praticamente sozinho na zona da pequena área e dilatou o resultado (30′), descansando um Liverpool que até estava a adormecer na partida e não estava a realizar uma exibição brilhante. Antes do intervalo, Lampard foi obrigado a tirar Emerson e Christensen, ambos por lesão, e o Chelsea ia para o balneário a perder, com a defesa desfalcada e com a ideia de que a sorte não estava este domingo a favor dos que vestiam de azul.

O Liverpool voltou para a segunda parte algo letárgico, tal como tinha ficado depois de inaugurar o marcador, e Klopp pedia velocidade e dinâmica aos jogadores. O Chelsea estava a defender bem, principalmente ao impedir as habituais triângulações que Alexander-Arnold e Robertson, cada um no seu corredor, costumam conseguir fazer com Mané, Salah e Firmino de forma a entrar nas costas das defesas adversárias. Contudo, a equipa de Lampard tinha muitas dificuldades na hora do último passe, rendilhava as jogadas à volta da grande área de Adrián e não conseguia levar a cabo movimentos de rotura que surpreendessem Van Dijk e Matip. Mas o Liverpool não mexia e o Chelsea ia conquistando metros, até ao momento em que N’Golo Kanté percebeu que podia fazer sozinho o que estava a falhar globalmente.

O médio francês pegou na bola junto à direita do ataque dos blues, arrancou sozinho pelo meio de uma multidão de defesas e atirou certeiro para reduzir a desvantagem (71′), relançando a partida para os 20 minutos finais. Até ao fim, o jogo partiu, Lampard lançou Batshuayi, Klopp trocou Henderson por Lallana, o Liverpool praticamente desistiu de atacar sem ser em transição rápida e preocupou-se em guardar a vantagem, que o Chelsea não conseguiu anular mesmo beneficiando de controlo total das ocorrências nos últimos 10 minutos. Mesmo com a vitória, o Liverpool esteve longe de ser brilhante e os três elementos da frente estiveram este domingo manifestamente desinspirados, com exceção para o golo de Roberto Firmino; do lado dos londrinos, fica a ideia de que o resultado foi curto para tudo aquilo que a equipa conseguiu fazer. Valeu a eficácia à equipa de Jürgen Klopp, que confirmou o facto de ser letal nas bolas paradas e resolveu o encontro com dois livres estudados.