A embaixadora do Reino Unido em Luanda defendeu que a visita que o príncipe Harry inicia esta quarta-feira a Angola ocorre num momento de “parceria ampla e profunda” entre os dois Estados e pode incentivar à adesão do país à Commonwealth.

“Na qualidade de embaixador da juventude para a Commonwealth, tenho certeza de que o Duque [de Sussex] também encontrará oportunidades para destacar os benefícios das iniciativas da Commonwealth e de incentivar Angola a fazer uma solicitação formal de adesão” aquela organização, afirmou a diplomata Jessica Hand num artigo de opinião publicado no Jornal de Angola e no qual a diplomata fala sobre as relações políticas e económicas entre Angola e o Reino Unido.

A primeira visita oficial de Sua Alteza Real o Duque de Sussex a Angola acontece numa altura em que as relações entre o Reino Unido e Angola estão a desenvolver-se numa parceria ampla e profunda. Uma parceria baseada na confiança e no respeito mútuos”, começa por dizer a embaixadora.

Segundo Jessica Hand, o Reino Unido pretende apoiar o processo de reforma de Angola e, a propósito, afirmou: “Existe ainda um longo caminho a percorrer, mas potencialmente muito mais a ganhar para ambas as nações”, afirmou. De acordo com a embaixadora, o Reino Unido “contribui para vários programas em diferentes áreas de ação em Angola”.

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Na área da desminagem, a UK Aid (ajuda humanitária britânica) financia o trabalho de instituições britânicas e internacionais de desminagem, como a The HALO Trust, Mines Advisory Group (MAG) e Norwegian People’s Aid (NPA), que, em conjunto, ajudaram a desminar 15 milhões de metros quadrados em Angola, desde setembro de 2018, “tornando o território seguro para comunidades, agricultura e novos negócios”, referiu.

Mas “também capacitou e formou mais de 35.000 pessoas sobre os perigos que as minas e o material bélico não deflagrado representam”, acrescentou.

“O Reino Unido identifica benefícios mútuos ao apoiar a diversificação e a reforma económica de Angola, para que as oportunidades para os negócios britânicos aumentem, contribuindo para uma melhoria constante nas condições de vida de todos os angolanos”, realçou ainda a diplomata.

Com esse objetivo, “no ano passado, a Agência de Crédito à Exportação do Reino Unido, a UK Export Finance, comprometeu 650 milhões de libras para apoiar projetos de saúde, agricultura e energia em Angola”, um valor “equivalente a 75 por cento do seu financiamento total para a África”, adiantou.

A embaixadora referiu que o Reino Unido vai acolher a Cimeira Africana de Investimento, em Londres, no dia 20 de janeiro de 2020. “A cimeira será para um grupo seleto de países africanos, incluindo Angola, que demonstram particular promessa como parceiros regionais e globais de negócios e investimentos”, afirmou.

A cimeira será um marco fundamental para alcançar o objetivo do Reino Unido de se tornar o maior investidor do G7 em África até 2022, refletindo o compromisso nacional de uma nova parceria com a África baseada na prosperidade mútua e no investimento para um crescimento económico sustentável a longo prazo, intimamente ligado a soluções favoráveis ao clima”, sublinhou.

Através de suas contribuições para organizações internacionais que prestam assistência a Angola, o Reino Unido já está também, segundo a diplomata, a ajudar Angola a lidar e a adaptar-se às mudanças climáticas.

Segundo a diplomata, a UK Aid está a ajudar mais de 20.000 pessoas no distrito de Calai, no sul do país, propenso a secas, a ter acesso a água potável e saneamento e a tornar-se mais resiliente aos impactos das mudanças climáticas.

Jessica Hand termina o artigo referindo ainda que o Reino Unido criou um Fundo Global de Defesa dos Media, apoiado por um financiamento de três milhões de libras (cerca de 3,4 milhões de euros).

Em Angola, o Reino Unido “aspira a trabalhar com as ONG, ativistas da sociedade civil e instituições governamentais para fortalecer a estrutura da liberdade de imprensa e apoiar jornalistas que operam no país”, precisou.