A Arábia Saudita pediu na quinta-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas “pressão máxima” contra o Irão, país que Riade responsabiliza pelos ataques às suas instalações de petróleo.

Riade, através do seu Ministro de Relações Exteriores, Ibrahim al Asaf, concentrou praticamente todo o seu discurso no país persa, na intervenção proferida no debate geral da 74.ª Assembleia-geral da ONU, que começou na terça-feira e decorre até 30 de setembro, com a presença de cerca de 150 chefes de Estado e de governo, incluindo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Ibrahim al Asaf insistiu que é o Irão quem está por de trás dos ataques às suas instalações de petróleo e lembrou ao mundo que essas ações representam uma “ameaça significativa ao fornecimento de petróleo”. O ministro saudita defendeu que os ataques “expuseram o regime iraniano ao mundo inteiro” como um Estado terrorista e apelou a comunidade internacional a agir. “Esta organização (ONU), como todas as outras, tem diante de si a responsabilidade moral e histórica de assumir uma posição firme e unida”, sublinhou.

Al Asaf defendeu que “meias ações” ou “acordos parciais”, com o Irão, já não resultam, sendo sim necessário “procurar uma mudança no caráter e no comportamento desse regime”. Nesse sentido, insistiu que o acordo nuclear de 2015 é um fracasso, pois deu a receita ao Irão para “financiar as suas agressões e atividades terroristas”.

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O regime iraniano tem duas opções: tornar-se um Estado normal que respeite as leis e normas internacionais ou enfrentar uma posição internacional de unidade que use todos os instrumentos de pressão e dissuasão”, apontou o ministro.

A Arábia Saudita convidou investigadores das Nações Unidas para avaliarem de onde os ataques foram lançados e que armas iranianas foram usadas. Os EUA, França, Alemanha e Grã-Bretanha também disseram acreditar que o Irão está por detrás dos ataques, uma ação que foi prontamente reivindicada pelos rebeldes Houthis do Iémen (apoiados pelo Irão).

Horas antes deste discurso, os Estados Unidos anunciaram que vão enviar 200 militares e mísseis Patriot para a Arábia Saudita “à luz dos ataques recentes”, atribuídos por Washington a Teerão.

“Esse envio irá fortalecer a defesa aérea e antimíssil do reino para infraestruturas militares e civis cruciais”, afirmou um porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman, citado pela Agência France-Presse, apelando a “outros países” para que “contribuam para um esforço internacional visando o fortalecimento da defesa da Arábia Saudita”.

Neste mesmo dia, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, à margem da Assembleia-geral da ONU, o Presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou que devem ser mostradas as provas de que foi o Irão quem atacou as referias de petróleo de Riade.

O Presidente iraniano afirmou que questionou os líderes europeus sobre que provas tinham e que lhe responderam que “não tinham essa informação”. Hassan Rohani questionou ainda a vontade das potências europeias em salvar o acordo nuclear de 2015 e assegurou que o seu país vai continuar a reduzir os compromissos sobre o pacto se a situação não mudar, acusando a Europa de não cumprir as promessas que fez sobre medidas para proteger este acordo, depois da saída dos Estados Unidos da América.

O Presidente do Irão assegurou que se os europeus não respeitarem os seus compromissos, Teerão vai continuar a reduzir os seus compromissos sobre o acordo, adiantando que existem atividades nucleares anunciadas para este ano.