Um novo corredor logístico a construir no centro de Moçambique prevê “revolucionar” as viagens na região graças à criação de um comboio de passageiros, anunciou esta sexta-feira o diretor executivo da empresa concessionária, em entrevista à Lusa.

A viagem por terra entre Quelimane, na costa do Índico, até Tete, no interior, chega a levar mais de dois dias e, se o cronograma de implantação do novo corredor (ferrovia e porto de águas profundas) for cumprido, até 2024 a duração deverá ser reduzida para dez horas.

Além do transporte de carga, que está no coração do investimento, estão planeadas intervenções com impacto social imediato no quotidiano da população, referiu Orlando Marques, diretor executivo (CEO) da Thai Moçambique Logística (TML).

Uma dessas intervenções é a criação de uma ligação ferroviária de passageiros. O investimento de 3,2 mil milhões de dólares (2,9 milhões de euros) servirá para escoar minérios, produtos agrícolas e outros de Moçambique, Zâmbia e Maláui para o porto de águas profundas a construir em Macuze, Quelimane, na costa do Índico.

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A mesma linha vai contar com “dois comboios de passageiros, um de manhã e outro ao final do dia”, um serviço que “vai revolucionar” a circulação, refere o CEO.

E haverá 22 apeadeiros cuja localização está a ser estudada para se interligarem com projetos de desenvolvimento local.

No que respeita ao reassentamento da população que se encontra em terrenos de obra (620 quilómetros de ferrovia, além do porto), está prevista a construção de 400 a 450 novas casas.

Hoje é lançada a primeira pedra da aldeia que vai acolher a população do local de implantação do porto de águas profundas de Macuze – que marca assim o arranque da “fase zero” do projeto, ilustra Orlando Marques.

Aquele responsável refere que esta aldeia pioneira mostra o modelo a seguir: construção moderna e respeito pelas tradições dos residentes – ao todo 63 famílias nesta fase de arranque, cada qual com sua casa.

Ainda ao nível do impacto social, no pico da obra, deverão ser empregues 12.500 trabalhadores, a maioria moçambicanos.

A construção do corredor deverá arrancar em 2020 e está a cargo de um consórcio da portuguesa Mota-Engil com a chinesa CCEC.