Os primeiros estudos são promissores, embora, como alerta um dos autores da investigação, o médico oncologista espanhol Antonio González Martín, ainda não existam certezas de que o medicamento em causa “reduza a mortalidade” do cancro do ovário. “O estudo precisa de ser prosseguido durante mais tempo”, diz. De acordo com o El País, um ensaio clínico com 733 mulheres que sofrem de cancro do ovário em fase avançada testou um novo medicamento que reduziu os riscos de recaída da doença “em aproximadamente 40%”.

A taxa de recaída deste tipo de cancro, atualmente, é de cerca de 80% em caso de doentes em fase avançada.

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O ensaio clínico passou pelo teste de um novo medicamento chamado niraparib em pacientes de 181 instituições hospitalares, localizadas em Espanha (Hospital La Paz, em Madrid, e hospital Rainha Sofia, em Córdoba) e Estados Unidos da América (MD Anderson Cancer Center, em Houston, e Memorial Sloan Kettering, em Nova Iorque).

Foi liderado pelos médicos e investigadores Antonio González Martín, que trabalha no centro hospitalar Clínica Universidade de Navarra e é presidente do Grupo Espanhol de Investigação ao Cancro do Ovário, e Pilar Barretina, que defendeu, citada pelo El País, que o medicamento pode mesmo ser “uma primeira opção de tratamento” para mulheres com este cancro em fase avançada que já tenham completado com êxito a fase de quimioterapia.

O medicamento pertence a uma família de fármacos conhecidos como inibidores da enzima PARP (poliadenosina difosfato ribose polimerase). Alguns especialistas acreditam que este tipo de inibidores pode impedir que as células cancerosas reparem “as suas múltiplas falhas”, facilitando a destruição das células cancerígenas e diminuindo os riscos de recaída, diz o El País. Embora a convicção na eficiência destes inibidores no combate ao cancro não seja consensual na comunidade científica, a hipótese tem vindo a ser discutida — e os resultados deste estudo científico deverão ajudar a reforçar a continuação do estudo dos efeitos deste tipo de fármacos.

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A investigação foi apresentada no congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, que está a decorrer em Barcelona, tendo sido também publicada, segundo o El País, na revista científica The New England Journal of Medicine. O estudo foi financiado pela Tesaro, uma empresa farmacêutica norte-americana, recentemente comprada pela gigante britânica GlaxoSmithKline e sediada em Waltam, Massachusetts, que estuda o desenvolvimento de novos medicamentos para combater o cancro.

“A nossa abordagem oncológica, singular, permite aos nossos associados focarem a sua energia e recursos na utilização de experiências terapêuticas transformadores para pessoas que vivem com cancro, para os seus parceiros de cuidados e para os prestadores de serviços saúdes que os tratam”, refere esta empresa no seu site. O fármaco em testes, niraparib, foi fabricado precisamente pela Tesaro.

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Todos os anos, mais de 200 mil mulheres são diagnosticadas com cancro do ovário, em todo o mundo. A taxa de mortalidade é elevada — o pior desfecho verifica-se “em mais de metade dos casos”, segundo dados citados pelo El País —, até por ser uma doença oncológica que em 75% dos casos é detetada já em fase avançada de desenvolvimento.