Mais uma “talk”, desta vez em Coimbra. Com Paulo Rangel discreto na assistência, e a cabeça de lista Mónica Quintela a moderar a tertúlia, Rui Rio voltou ao tema quente da campanha para, mais uma vez, tentar pôr os ‘pontos nos is’ e desmontar a tese da “cabala”. Por que raio o Ministério Público não havia de gostar do PS se até foi o PS que “lhes deu tudo”, aumentando os salários aos magistrados? Para Rio, o Ministério Público foi “independente”. E, por isso, merece um elogio.

Depois de terem saído, no sábado, notícias a dar conta de que a tese que reinava no PS era a de que tinha havido uma conspiração política do Ministério Público sobre o caso de Tancos, Rui Rio, que já tinha respondido várias vezes a esta questão, voltou a insistir no tema. “O Ministério Público só tinha de estar contente com o PS”, disse Rio, afirmando que o Governo “lhes deu tudo” e, mesmo assim, os magistrados “cumpriram a sua obrigação”.

Mas o elogio não foi feito de ânimo leve, até porque Rio tem consciência de que um elogio ao Ministério Público nesta altura do campeonato pode ser mal interpretado — porque “vão dizer ‘agora agradou-te'”. Mas não faz mal: “O PS deu tudo o que havia para dar ao Ministério Público, aumentou os salários dos magistrados para um patamar desigual relativamente a outras classes profissionais, portanto, o MP só tinha era de estar contente com o PS, e o meu elogio é por isso: apesar de o governo ter feito o que eles queriam, eles não deixaram de cumprir o seu papel. Houve a independência necessária para fazer isso“.

Elogio feito, nada mais. Nem comentou as mais recentes acusações de Costa, nem tão pouco leu o artigo de José Sócrates (que sai em defesa de Costa e ataca o Ministério Público, e Rio). De qualquer forma, Rui Rio mantém-se firme na sua narrativa: “Não tirei nenhuma conclusão de ordem judicial, limitei-me a colocar questões de ordem política e essas são a minha obrigação”.

Durante a talk, e respondendo a uma pergunta sobre qual a principal razão para os portugueses votarem no PSD, Rio voltou a recorrer aquilo que acredita serem os seus maiores trunfos: desprendimento do poder, a coragem para fazer reformas contra interesses instalados, e a coragem para, no fundo, “ser forte com os fortes”. Foi aí que sugeriu que essas reformas se façam tanto no Governo como no Parlamento — depende do que os portugueses quiserem. Ou seja, ou no Governo ou na oposição. Rui Rio está disponível para fazer “de uma maneira ou de outra”.

“Será como o povo português quiser, e eu estou disponível para fazer de uma maneira ou fazer de outra, como os portugueses entenderem”, afirmou, insistindo que a sua prioridade é “tentar fazer” as reformas estruturais que entende que o país necessita. Uma coisa é certa: “Eu não estou aqui por mim, estou aqui a prestar um serviço, porque isto é duro, isto é pesado, é mais cómodo estar em casa, e até se calhar ter um salário melhor”. O mantra é o mesmo: agir em nome dos interesses do país. Quer isto dizer que Rui Rio se mantém na liderança do PSD, caso o PSD fique na oposição? É como dizia ainda na pré-campanha, numa entrevista à TVI: fica, sim, se for útil ao país. Se não…

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