A Coreia do Norte e os EUA retomarão o diálogo sobre a desnuclearização na sexta-feira, após oito meses de suspensão e um verão tenso marcado pelos testes de armas de Pyongyang, anunciou esta terça-feira fonte oficial norte-coreana.

O regime norte-coreano anunciou o retorno à mesa de negociações através de um breve comunicado, divulgado pela agência de notícias estatal KCNA, garantindo que os seus representantes “estão prontos” para as negociações bilaterais.

A Coreia do Norte e os Estados Unidos “concordaram em manter um contacto preliminar a 4 de outubro e manter uma reunião de trabalho a 5 de outubro”, de acordo com o texto assinado pela vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Choe Son-hui.

“Espero que as reuniões de trabalho acelerem o desenvolvimento positivo das relações entre a RPDC (República Popular Democrática da Coreia e os EUA”, disse a vice-ministra, que não especificou o local em que estes contatos serão mantidos.

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Num comunicado publicado logo após este anúncio, o Governo sul-coreano saudou a reunião iminente e disse esperar “que negociações práticas sejam tomadas em breve no processo de desnuclearização completa e na construção de uma paz duradoura na península de Coreia”.

Pyongyang mostrou recentemente a sua intenção de retomar o diálogo com Washington, após um período de tensão marcado por lançamentos de projéteis em protesto contra manobras militares conjuntas pelos exércitos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, que os norte-coreanos consideraram uma simulação de invasão.

Na semana passada, o Presidente norte-americano, Donald Trump, até levantou a possibilidade uma nova reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong-un para este ano.

Os dois líderes encontraram-se em Hanói em fevereiro passado, numa noite tensa que terminou abruptamente e sem acordo e foi o gatilho para uma estagnação das negociações sobre a desnuclearização do regime norte-coreano.

Trump e Kim reuniram-se novamente na fronteira entre as duas Coreias em junho, numa reunião informal em que concordaram destravar o diálogo e reiniciar os encontros de trabalho, algo que poderá acontecer no final desta semana.

Os aparentes gestos reconciliados de Washington com Pyongyang geraram expectativas de que as negociações sairão em breve com novos compromissos.

Nesta segunda-feira, ex-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton, alertou durante uma palestra no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS,) em Washington, a sua primeira intervenção pública após a sua expulsão da Casa Branca, que a Coreia do Norte não tomou “a decisão estratégica de abandonar as armas nucleares”.

O ex-conselheiro de segurança nacional disse que, nas circunstâncias atuais, Pyongyang não abandonará as armas “voluntariamente” e que a prioridade do líder norte-coreano é aliviar as sanções económicas internacionais impostas ao seu país precisamente por seus testes atómicos e de mísseis balísticos.