Cerca de 300 famílias que foram retiradas em março de pontos do distrito de Maganja da Costa, na sequência do ciclone Idai no centro de Moçambique, voltaram às zonas de risco por falta de novas terras, segundo a Agência de Informação da Sociedade Civil (Civilinfo).

Trata-se de um grupo que tinha sido realojado em março na região de Nomiua, na província da Zambézia, num espaço que se esperava que albergasse 754 famílias, mas apenas 410 encontraram espaço, refere-se numa nota da Civilinfo, da organização não-governamental Sekelekani.

“O terreno onde foi instalado o centro de reassentamento, parte de uma propriedade de um empresário nacional local que a cedeu por bondade, mostrou-se limitado para albergar a totalidade daqueles agregados”, lê-se na nota da Sekelekani, que esteve no local.

As famílias que conseguiram ter espaço em Nomiua estão a ser assistidas pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e pela Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), entidade que disponibilizou tendas, embalagens de alimentos e de higiene.

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A Lusa entrou em contacto com a delegada do INGC na Zambézia, Maria Madalena, que não confirmou o regresso das 300 famílias às zonas de risco, mas admitiu que as autoridades estão a ter dificuldades, em alguns casos, para manter as pessoas em zonas seguras.

“As pessoas querem escolher onde querem estar. Nós, como INGC, temo-las sensibilizado, mas não podemos coercivamente obrigá-las a saírem destes pontos“, declarou Maria Madalena.

O ciclone Idai, que atingiu o centro de Moçambique em março, provocou 604 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas.

Pouco tempo depois, Moçambique voltou a ser atingido por um outro ciclone, o Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em abril, matando 45 pessoas e afetando 250.000.

Mais de meio milhão de pessoas ainda vivem em locais destruídos ou danificados, enquanto outras 70.000 permanecem em centros de acomodação de emergência, segundo o mais recente relatório da Organização Internacional das Migrações (OIM), redigido em julho e que alerta para a falta de condições para enfrentar a nova época chuvosa, que começa em outubro.