O sucesso torna por vezes impossível imaginar o fim de um ciclo que foi proveitoso, frutífero e vitorioso. Não porque o futuro vai cair no vazio — mas mais porque a ideia de algo se alterar nem sequer faz parte do imaginário daqueles que acompanharam esse percurso. Era difícil, para os portugueses, imaginar o final da carreira de Luís Figo; era difícil, para os adeptos do Barcelona, imaginar o dia em Xavi e Iniesta iam deixar Camp Nou; e era difícil, em Itália, imaginar a temporada em que Totti, De Rossi e Pirlo já não jogavam na Serie A. Tudo aconteceu, mais cedo ou mais tarde, e a natureza humana obrigou todos estes exemplos a encerrar capítulos e seguir em frente.

Atualmente, no panorama do futebol internacional, os maiores expoentes deste fenómeno serão Lionel Messi e Cristiano Ronaldo — e o fim das respetivas carreiras. Ainda que estejam ambos já para lá da barreira dos 30 anos, a verdade é que poucos adeptos imaginam o dia em que nem o argentino nem o português vão andar pelas principais ligas europeias, pela Liga dos Campeões e pelas competições de seleções. Esse dia, contudo, vai chegar. E Cristiano Ronaldo deixou agora perceber que pode até estar mais perto do que aquilo que se esperava.

O capitão da Seleção Nacional é o melhor marcador de sempre de Portugal

Em entrevista ao site Sport Bible, o jogador português garantiu que ainda se diverte com o futebol mas que nos últimos anos começou a pensar mais a sério no futuro. “Ainda adoro o futebol. Adoro entreter os adeptos e as pessoas que adoram o Cristiano. A idade não interessa, é uma questão de mentalidade. Nos últimos cinco anos comecei a gostar deste processo de me ver fora do futebol, por isso, quem sabe o que é que vai acontecer no próximo ano ou daqui a dois?”, atirou Ronaldo, que tem contrato com a Juventus até 2022.

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O avançado do clube italiano comentou ainda o facto de ter sido apenas o terceiro atleta da história — depois de Michael Jordan e LeBron James — a assinar um contrato vitalício com a Nike, no valor de mil milhões de dólares. “Não quero imitar ninguém. Tens de ser sempre tu próprio, mas podes aproveitar pequenos detalhes e tirar algo de bons exemplos, não só no futebol como noutros desportos — Fórmula 1, NBA, golfe, UFC, qualquer coisa. Os melhores atletas têm todos uma ética profissional semelhante. Até os CEO da grandes empresas estão sempre motivados e têm de trabalhar muito para alcançar coisas boas”, concluiu Cristiano Ronaldo.

Foi através do Manchester United que o jogador português entrou para a alta roda do futebol europeu

O capitão da Seleção Nacional explicou ainda que tem “uma boa equipa” que o ajuda nos negócios em que se tem envolvido nos últimos anos — e que são, garante, os objetivos do futuro — e que a principal diferença entre o mundo empresarial e o futebol é o facto de, nas empresas, ter muitas pessoas a depender dele. “É o que me motiva. Toda a gente sente pressão, a forma como lidamos com essa pressão é que é importante. Temos de confiar em nós próprios. No futebol, tenho mais controlo. Sei aquilo que consigo fazer. Nos negócios, é mais difícil, dependo de outras pessoas, mas tenho uma boa equipa. Vai ser um desafio”, defendeu Ronaldo, que explicou depois que vai aplicar às empresas a mesma lógica que sempre teve nos relvados. “Tudo o que alcancei levou muitos anos de trabalho árduo, dedicação e paixão. Fora do futebol, ainda não estou nesse patamar, mas sou um tipo competitivo e não gosto de ser o número 2 ou o número 3. Quero sempre ser o número 1. E vai acontecer, com 100% de certeza”, atirou.