O Grupo de Estudos de Cancro e Trombose (GESCAT) advertiu esta quarta-feira que a hospitalização constitui um fator de risco significativo para a ocorrência de uma trombose, salientando que cerca de 60% dos casos acontecem durante o internamento.

“A hospitalização ‘per si’ é um fator de risco acrescido porque o doente vai ficar mais imobilizado”, havendo “um risco aumentado” porque o sangue circula mais devagar nas veias e nas artérias, havendo “mais probabilidade de formar um coágulo” e provocar a doença, disse o presidente do GESCAT, Sérgio Barroso, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Mundial da Trombose, assinalado a 13 de outubro.

Segundo o médico oncologista, cerca de 60% das tromboses que ocorrem mundialmente acontecem durante o internamento, sendo mais frequente após procedimentos cirúrgicos ortopédicos, oncológicos e ginecológicos.

Sérgio Barroso defendeu que é necessária tomar “medidas preventivas adequadas” quando o doente é hospitalizado para “minimizar o mais possível” a sua ocorrência.

“Os hospitais têm medidas já implementadas e em funcionamento para diminuir esta incidência, mas infelizmente todas essas medidas não conseguem prevenir ainda na totalidade”, afirmou.

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Por isso, defendeu, “é preciso estar muito atento e cumprir todos os protocolos que estão pré-definidos para reduzir ao máximo esse risco”.

O oncologista afirmou que os hospitais portugueses “estão conscientes desta situação, têm protocolos implementados”, existindo “um cuidado grande nesta área”, o que ainda não acontece em alguns países.

“No nosso país as coisas estão bastante bem, mas existe ainda trabalho para fazer e uma melhoria que podemos obter” e, por isso, a importância do Dia Mundial da Trombose para aumentar o conhecimento sobre os riscos e a importância da prevenção desta doença.

Além da hospitalização, o foco das comemorações da efeméride são a trombose associada ao cancro e a incidência da doença nas mulheres devido à exposição a fatores de risco adicionais, como o uso de anticoncecionais orais e a gravidez.

Dados divulgados pelo GESCAT referem que uma em cada quatro mortes no mundo está relacionada com a trombose, que ocorre quando um coágulo sanguíneo se forma numa veia e pode causar uma trombose venosa profunda ou uma embolia pulmonar, podendo provocar a morte por um tromboembolismo venoso.

Segundo a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia, que promove a data, as ocorrências de tromboembolismo venoso causam mais mortes por ano na Europa e nos Estados Unidos do que todos os casos de Sida, cancro da mama, cancro da próstata e acidentes de viação.

Sérgio Barroso salienta que o primeiro passo para a prevenção é conhecer os sintomas da doença: dor na barriga da perna, calor, inchaço, sensação de pele esticada e vermelhidão na perna ou no braço.

Para diminuir o risco da doença, a pessoa deve ter hábitos de vida saudáveis, praticar exercício físico, não estar muito tempo parado e evitar o tabaco e o álcool.

O presidente do GESCAT avisou que os doentes devem procurar imediatamente ajuda médica quando ocorrerem estes sintomas para confirmar o diagnóstico e começar rapidamente o tratamento.