Thibaut Courtois não deve ser uma pessoa supersticiosa. Se o for, é de forma inversa ao habitual. Quando chegou ao Atl. Madrid — depois de ser campeão na Bélgica pelo Genk, contratado pelo Chelsea e prontamente emprestado ao clube espanhol –, ficou com o número 13 que tinha sido do também guarda-redes David De Gea na temporada anterior. Quando voltou a Londres, três anos depois, pediu o mesmo número, normalmente associado ao azar. Quando se mudou para o Real Madrid, no início da época passada, a história repetiu-se o belga é atualmente o número 13 do plantel merengue.

Esta terça-feira, no culminar de uma espiral pouco positiva que o guarda-redes e que o próprio Real Madrid têm vindo a viver desde o início da temporada, Courtois viveu um dos momentos mais duros que teve de atravessar desde que trocou Stamford Bridge pelo Santiago Bernabéu. Durante a receção ao Club Brugge, a contar para a segunda jornada da Liga dos Campeões e depois de uma derrota pesada perante o PSG há duas semanas, Courtois sofreu dois golos na primeira parte em que não ficou isento de culpas, foi assobiado pelos próprios adeptos quando se preparava para bater pontapés de baliza e o Real Madrid foi para o intervalo a perder por dois contra uma equipa teoricamente inferior. No regresso dos conjuntos para a segunda parte, os adeptos merengues assistiram a um dos momentos do jogo, a um dos momentos desta jornada e, certamente, a um dos momentos desta fase de grupos da Champions.

O guarda-redes foi várias vezes assobiado pelos adeptos merengues durante a primeira parte

No final da primeira parte, sem motivo aparente, Courtois foi substituído na baliza por Areola. O guarda-redes emprestado pelo PSG ao Real Madrid tomou conta das redes merengues durante o segundo tempo e assistiu na primeira fila aos golos de Sergio Ramos e Casemiro que permitiram o empate antes do apito final. A saída do guarda-redes belga acabou por ser timidamente explicada por Zidane, já no final da partida, e o clube espanhol justificou depois que o jogador sofreu tonturas e dores de estômago que o impediram de regressar ao relvado. “Estava mal e não podia continuar na segunda parte. Se estou preocupado? Nada me preocupa. Na primeira parte podemos culpar Courtois, mas a culpa foi de todos, minha em primeiro lugar. Se continuássemos assim, perdíamos o jogo”, disse o treinador francês, cuja atribuição de responsabilidade ao guarda-redes foi rapidamente interpretada como uma demonstração de desagrado com a exibição do belga.

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Depois de um início de temporada em que sofreu muitos golos, Courtois até havia conseguido manter a baliza inviolável em dois jogos recentes do Real Madrid, com o Sevilha e o Atl. Madrid. Esta terça-feira, sem que ninguém estivesse à espera, foi batido duas vezes por Emmanuel Bonaventure, saiu ao intervalo — e a imprensa espanhola não consegue deixar de colocar a hipótese de ter sido o próprio guarda-redes a pedir para sair face ao que aconteceu na primeira parte — e colocou milhões de adeptos merengues a suspirar por Keylor Navas, que rumou ao PSG este verão. Thibaut Courtois forçou uma ida para o Real Madrid há pouco mais de um ano, repetiu e sublinhou que tinha finalmente chegado à baliza de sonho, foi o dono das redes durante um ano em que os espanhóis conheceram três treinadores e poucas alegrias e parece ir agora em direção a um caminho de pouca sorte. O 13 nas costas, que até aqui foi amuleto, pode em Madrid ter-se tornado símbolo de azar.