Nem mesmo a vitória frente ao Maiorca no passado sábado, por sinal a primeira da temporada como visitante, veio serenar os ânimos no Barcelona – que, verdade seja dita, voltou a ter uma exibição aquém das expetativas apesar do triunfo. De acordo com a Catalunya Radio, Josep Maria Bartomeu, presidente dos blaugrana, terá mesmo feito uma reunião com Gerard Piqué, um dos capitães de equipa, para discutir a situação e as críticas que o central fez à planificação da pré-temporada, à química entre plantel, treinador e dirigentes e à informação selecionada que sai para a imprensa. No entanto, e por melhores ou piores relações que existam, o problema do Barça nesta fase é outro e tem um nome: Messi. Se tudo girou à sua volta na última década, agora poderia ser diferente?

“O barcelonismo vive dependente de Messi. Agora mesmo não se sabe muito bem o que tem nem quando estará em condições de fazer um jogo completo ou se tardará a voltar à forma depois de nem sequer ter podido fazer a pré-temporada por culpa das férias e da Copa América”, explicava esta quarta-feira um artigo no El País com o título “Sofrer por Messi”. “Aos 32 anos, Messi deve aprender a dosear os seus esforços para continuar a ser o número 1. A sua explosividade e mudança de velocidade marcam a diferença. E quando não houver Messi? Esse é o momento mais temido em Camp Nou mas esse é, felizmente, o momento que ainda não chegou”.

Depois do empate sem golos em Dortmund (que se não fosse Ter Stegen facilmente tinha resvalado para derrota), o Barcelona estreava-se na Champions em casa frente a um adversário que era tudo menos apropriado para quem gostaria de ter uma noite “acessível”: utilizando a fórmula Guardiola quando chegou ao Barcelona, que foi abdicar de três das maiores estrelas (neste caso Icardi, Perisic e Nainggolan), Antonio Conte recuperou o típico sistema dos três defesas para dar uma consistência que permitiu ao Inter ter o melhor arranque de temporada das últimas cinco décadas com caras novas como Lukaku, Alexis Sánchez, Biraghi ou Godín, o antigo central do Atl. Madrid que tinha a curiosidade de chegado à final da Champions sempre que passou por Camp Nou. Contra isso, os catalães voltaram a contar com a sua referência. Desde o primeiro minuto. Sem saber até que minuto.

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Aguentou até aos 90′. Ou 90+3′, para sermos mais exatos. E numa curva até improvável perante os apenas quatro jogos e 211 minutos que levava até este início de outubro: primeiro demasiado condicionado pela organização dos transalpinos, depois a soltar-se quando poderia sofrer uma quebra física. Luis Suárez, que não marcava dois golos no mesmo jogo da Champions há três anos, ficou como rosto visível da reviravolta do Barcelona. Arturo Vidal, que entrou aos 53′ para o lugar de Sergio Busquets para assumir de vez o meio-campo na construção e na procura de espaços em zonas mais adiantadas, teve um mérito “invisível” de dar a volta à tendência do jogo. Depois, houve Messi: a jogar, a fazer jogar, a assistir, por pouco a marcar. Com ele, o Barcelona muda.

No entanto, este foi um encontro complicado. E o golo inaugural de Lautaro Martínez (logo ele que dava tudo para poder jogar ao lado do ídolo Messi – tanto que ficou com a camisola do compatriota argentino no final) logo aos três minutos ainda veio complicar mais a tentativa de redenção do conjunto de Ernesto Valverde, que até perto do intervalo andou sempre mais próximo de sofrer o 2-0 com as ameaças de Martínez, Barella e Alexis Sanchéz (e com Ter Stegen a ser de novo determinante para segurar a desvantagem mínima e manter a equipa “ligada” ao jogo) do que propriamente em chegar ao empate, apesar de dois remates com perigo de Messi e Suárez.

O Inter, que ali em Camp Nou já foi tantas vezes “acusado” de sobretudo não querer deixar jogar o Barcelona, era muito mais do que isso, condicionando o melhor dos catalães enquanto explorava as debilidades do adversário. No entanto, um golo poderia mudar essa tendência e foi isso que aconteceu no primeiro quarto de hora, por sinal com um remate… quase à Messi (58′): o argentino andou de um lado para o outro com três adversários atrás até deixar para trás em Vidal que cruzou para o remate de primeira de Suárez sem hipóteses, à entrada da área. Estava dado o mote para a inversão de papéis, com os transalpinos a deixarem de ser caçadores de uma surpresa e passarem a ser presas da reviravolta, que aconteceria a seis minutos do final na sequência de uma grande jogada da melhor versão de Messi antes de assistir o uruguaio para o 2-1 que deu a primeira vitória na Champions.