O Ministério Público acusou um paquistanês e uma tailandesa pela morte e profanação do cadáver de uma mulher tailandesa cuja cabeça foi encontrada em 7 de março numa praia de Leça da Palmeira, em Matosinhos, dentro de um saco de plástico.

De acordo com a acusação, citada esta sexta-feira em nota da Procuradoria Distrital do Porto, “o arguido e a arguida mataram a dita colaboradora tailandesa, após o que cortaram o cadáver aos pedaços, decapitaram-no e colocaram no congelador pelo menos a cabeça”, em factos situados entre 28 de dezembro de 2018 e 7 de março de 2019.

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Fizeram-no, ainda segundo o Ministério Público, na casa de massagens que ambos exploravam em Matosinhos, “sob forma de uma sociedade unipessoal de que era única sócia a arguida, contando com a colaboração da vítima”, que ali trabalhava enquanto massagista.

Após o homicídio, relata a Procuradoria Distrital do Porto, citando o processo, “desfizeram-se dos pedaços de cadáver, deixando a cabeça acondicionada num saco plástico, dentro ou ao lado de um contentor colocado no areal da praia de Leça da Palmeira”, no concelho de Matosinhos.

A cabeça de mulher foi encontrada cerca das 10:00 de 07 de março na praia de Leça da Palmeira, dentro de um saco de plástico, de acordo com relatos feitos na altura por fonte dos Bombeiros de Matosinhos/Leça.

Cerca de um mês depois, em 05 de abril, a Polícia Judiciária (PJ) deteve, como alegada autora do crime, uma massagista de 52 anos e de nacionalidade tailandesa, Sangam Sawaiprkhon, que aguarda o desenvolvimento do processo em prisão preventiva, indiciada por homicídio qualificado e profanação de cadáver da sua compatriota e empregada Natchaya Jenrob, de 40 anos.

Já em 15 de agosto deste ano, a PJ anunciou a detenção de um suspeito da autoria material do homicídio qualificado e da profanação de cadáver.

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Em comunicado então divulgado, a Diretoria do Norte da PJ explicou que o homem, de 32 anos, foi detido “na fronteira da Turquia com a Grécia” e é um cidadão paquistanês para quem a vítima trabalhava, que “se ausentou” de Portugal “logo que foi noticiado o aparecimento da cabeça” da mulher.

O homicídio e decapitação da funcionária relacionam-se com uma alegada dívida da arguida à vítima de 10 mil euros, “que esta insistia em ver saldada”, esclareceu, em comunicado, após deter a suspeita, a Diretoria do Norte da PJ.

A imprensa tailandesa interessou-se pelo caso e chegou a referir que o marido da alegada homicida, um homem nascido no Paquistão, mas que adquiriu nacionalidade tailandesa, foi cúmplice do crime.

Já o site Asiaone.com citou a irmã da vítima mortal, Somwang, a lamentar-se pela falta de dinheiro para realizar o funeral e a pedir a ajuda das autoridades.

Questionada pela agência Lusa, fonte da Embaixada do Paquistão em Lisboa disse apenas: “Quando soube do sucedido, a Embaixada reportou-o ao Ministério [tailandês] dos Negócios Estrangeiros, que terá contactado a família. E nada mais”.

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Em Banguecoque, um porta-voz daquele ministério, citado no ‘site’ A Nação, confirmou ter recebido um relatório da Embaixada e da polícia local sobre o assassinato e a detenção da suspeita, mas também nada mais adiantou.