Os eurodeputados pediram esta sexta-feira à candidata francesa à Comissão Europeia, Sylvie Goulard, que responda se “sim ou não” vai demitir-se se for formalmente acusada no processo de empregos fictícios de assistentes do seu partido, MoDem.

“Responda com ‘sim’ ou ‘não’: vai demitir-se da Comissão Europeia caso seja formalmente acusada?”, perguntam os eurodeputados num questionário sobre a ampla pasta a que se candidata, o Mercado Único, e sobre “a integridade” da comissária indigitada.

O questionário enquadra-se no processo de avaliação dos candidatos a comissários pelo Parlamento Europeu (PE) e foi formulado depois de a comissão parlamentar do Mercado Interno, responsável pelo seu parecer, não ter ficado satisfeita com as justificações apresentadas pela liberal francesa na audição que decorreu na quarta-feira.

A antiga ministra da Defesa, cargo do qual se demitiu apenas um mês após ter sido nomeada devido ao caso dos empregos fictícios, não conseguiu convencer os eurodeputados de que a devolução de 45.000 euros à assembleia europeia, relativos a oito meses de salário de um assistente a quem continuou a pagar já depois de este ter deixado de trabalhar para si e ter passado a colaborar com o MoDem, se deveu a “um problema de gestão de recursos humanos”.

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Sylvie Goulard tem até terça-feira para responder às perguntas.

Se as respostas não forem consideradas satisfatórias, a comissão pode decidir retomar a audição, para uma nova sessão de perguntas e respostas, com uma duração de 90 minutos.

No processo, o ‘curriculum vitae’ da política francesa tem anexados os dois inquéritos de que é alvo, um da justiça francesa e outro do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF), sobre o caso de empregos fictícios de assistentes de eurodeputados do partido MoDem.

Na audição de quarta-feira, Goulard foi também insistentemente questionada pelos eurodeputados sobre o seu trabalho de “consultora”, retribuído com “mais de 10.000 euros” mensais, de um grupo de análise política norte-americano, o Instituto Berggruen, entre outubro de 2013 e janeiro de 2016, a par da sua atividade como deputada europeia.

No questionário, os eurodeputados pedem-lhe que “faça uma lista exaustiva de todas as atividades” realizadas para aquele instituto.

Os eurodeputados perguntam também se Goulard “contribuiu para estabelecer uma ligação” entre a “família Berggruen” com o Presidente francês, Emmanuel Macron, cuja campanha eleitoral foi apoiada por Nicolas Berggruen.

A comissão quer ainda que Goulard clarifique as suas relações com o ‘think tank’ norte-americano, afirmando que o fundador “tem fortes ligações financeiras com zonas económicas concorrentes” da União Europeia (UE), como a China e a Califórnia.