Muito antes da divulgação da chamada do presidente norte-americano com o seu homólogo ucraniano, os telefonemas de Donald Trump com líderes estrangeiros já eram uma fonte de ansiedade para os seus assessores e membros do governo. 12 membros ou ex-membros da administração Trump falaram com o The Washington Post, e revelaram como muitos ficaram “genuinamente horrorizados com as coisas” que eram ditas nesses telefonemas — alguns deles “embaraçosos”.

Havia uma corrente na administração Trump de funcionários seniores que estava genuinamente horrorizada com as coisas que viam nessas chamadas“, disse um ex-funcionário da Casa Branca, que falou sob condição de anonimato.

Alguns funcionários tiveram envolvimento direto nas chamadas, outros foram informados acerca delas, outros ainda leram as transcrições posteriormente. De acordo com as revelações feitas ao The Washington Post, os telefonemas eram uma dor da cabeça para os membros da Casa Branca: temiam que Trump fizesse promessas que não deveria fazer, apoiasse políticas das quais os Estados Unidos já se opunham há muito tempo, cometesse um erro diplomático que comprometesse alianças ou simplesmente pressionasse o outro lado a fazer-lhe um favor pessoal.

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Os funcionários defendem que o comportamento de Trump em chamadas com líderes estrangeiros muitas vezes criou tensões desnecessárias com aliados e enviou sinais de que os Estados Unidos apoiavam ou, pelo menos, não se importavam com quem não defendesse os direitos humanos. Alguns assessores chegaram a irritar-se com a forma como falava com aliados norte-americanos de longa data, especialmente mulheres.

“Houve telefonemas embaraçosos. Enormes erros ele cometeu. Meses e meses de trabalho que foram prejudicados por um tweet impulsivo”, lamentou outro funcionário.

De acordo com o jornal, Trump rejeitou grande parte do protocolo e da preparação associada a este tipo de chamadas para o estrangeiro, mesmo quando a equipa de segurança nacional tentava intervir. Questionada pelo The Washington Post, a Casa Branca não quis comentar o assunto.

A primeira chamada que Trump fez e que fez soar o alarme aconteceu menos de duas semanas após a sua tomada de posse: a 28 de janeiro, o presidente norte-americano ligou a Putin. Ex-funcionários da Casa Branca descreveram Trump como “bajulador”, adiantando que divagou sobre diferentes tópicos sem nenhum ponto em concreto.

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O mais recente telefonema divulgado — com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky — teve consequências para Trump. Na chamada, o presidente dos Estados Unidos pedia à Ucrânia para investigar Joe Biden e o filho —  o que levou os democratas da Câmara dos Representantes a avançar com um impeachment contra Trump.