Owen Farrell é conhecido não só por liderar a Inglaterra como capitão mas também pela alta taxa de eficácia nos pontapés aos postes e teria um papel determinante no encontro com a Argentina que decidiria (em termos teóricos) o último dos oito conjuntos que estarão presentes nos quartos do Campeonato do Mundo. Ainda assim, foi preciso esperar até aos 46 minutos para fazer pontos, neste caso uma conversão – antes tinha falhado três conversões (uma com grau de dificuldade bem acessível) e uma penalidade. Noutros jogos, aí poderá estar a diferença entre uma vitória e uma derrota; neste caso, foi apenas ganhar por mais ou por menos.

O pontapé de Boffelli e os centímetros que separaram a Argentina de uma recuperação histórica com a França

Apesar de alguns erros próprios de uma equipa que quer muito que as coisas corram bem mas que de vez em quando se deixa levar pela ansiedade, a Argentina até começou na frente do marcador com uma penalidade de Benjamin Urdapilleta logo aos seis minutos mas essa vantagem demorou pouco mais de dois minutos até Jonny “Express” Day ligar a locomotiva e provar que é uma das maiores referências deste Mundial com um ensaio sem conversão que colocou o resultado em 5-3 e aumentou a expetativa criada em torno da partida.

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No entanto, seria sol de pouca dura e uma só decisão de Nigel Owens, o melhor árbitro do mundo, corroborada pelo VAR mudou por completo o rumo do jogo: Tomás Lavanini fez uma duríssima placagem alta a Owen Farrell e acabou por ver o cartão vermelho. A cara do jogador a sair do relvado e as lágrimas de desalento já no banco eram a melhor prova da noção do erro cometido mas o mal já estava feito – e o futuro reforço do Leicester Tigers (que defrontou alguns dos futuros companheiros de equipa) mostrou o porquê de ser considerado um dos jogadores mais duro, ao ponto de se ter tornado o internacional argentino com mais cartões pelos Pumas apesar de ter apenas 26 anos (dois vermelhos, cinco amarelos). Sobre a decisão, nada a apontar: alguns lances poderiam ter valido mais cartões amarelos mas a ação do segundo linha sul-americano pouca margem dava para outra decisão…

Dizem os números que as equipas com menos um jogador sofrem em média nesse período oito a dez pontos. No caso da Argentina, mesmo sem grande capacidade de ameaçar fazer pontos, essa estatística foi sendo travada com muito coração à mistura mas dois ensaios sem conversão da formação da Rosa em cima do intervalo (Elliot Daly e Ben Youngs) aumentaram o resultado para 15-3, num jogo que ficou de vez resolvido logo a abrir a segunda parte com um ensaio de George Ford que garantiu o ponto extra e contribuiu para o 39-10 final, que teve ainda ensaios com conversão de Matías Morini, Jack Nowell e Luke Cowan-Dickie já nos últimos dez minutos.

Com este resultado, Inglaterra e França deverão confirmar os dois primeiros lugares do grupo C (os gauleses terão de confirmar antes o favoritismo com Tonga) e jogarão a 12 de outubro pela liderança, sabendo-se aí como ficarão os cruzamentos para os quartos com as duas equipas do grupo D, Gales e Austrália, sendo que a vitória da equipa europeia no confronto direto assegurou o primeiro lugar. Já a Argentina, que perdera com os franceses por 23-21 na abertura do Mundial, fica fora dos oito melhores e contraria um caminho interessante que vinha fazendo: após a queda na fase de grupos de 2003 por causa de uma derrota por um ponto com a Irlanda (16-15), os Pumas chegaram às meias em 2007 (África do Sul), aos quartos em 2011 (Nova Zelândia) e às meias em 2015 (Austrália).