O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou este sábado ao voto nas eleições legislativas deste domingo “com ainda maior empenho”, lamentando a “percentagem dos abstencionistas” nas eleições europeias de maio que “foi muito elevada”.Para Marcelo, “pedir aos portugueses que votem parece justo e mesmo urgente” e alerta: “Não votar é perder autoridade para lamentar, para contestar, para recusar”

Antes das eleições para o Parlamento Europeu dirigi aos Portugueses um apelo para que não deixassem de votar, convicto de que o desinteresse perante a situação europeia era, e é, mau conselheiro. Infelizmente, a percentagem dos abstencionistas foi muito elevada. Hoje, véspera das eleições para a Assembleia da República, repito o apelo de maio, com ainda maior empenho.

O Presidente da Republica apontou várias mudanças nos últimos cinco meses como razões pelas quais os portugueses devem votar: os “sinais económicos e políticos preocupantes, no mundo e na Europa” que são “mais claros do que em maio”; o “relacionamento imediato entre o Reino Unido e a União Europeia” que está “mais indefinido do que em maio“; e os “efeitos do ambiente internacional” na economia portuguesa.

[Veja aqui o apelo ao voto nas eleições legislativas do Presidente da República]

Marcelo apontou que “os portugueses têm a possibilidade de dispor, de várias escolhas, que chegam a vinte e uma nalguns círculos eleitorais”. Considerando que “o longo período de debate pré-eleitoral e eleitoral permitiu que listas e candidatos se desdobrassem em iniciativas de apresentação ou de confronto de ideias” e que “as múltiplas entrevistas e debates proporcionaram oportunidades de observação e de ponderação dos eleitores”, o Presidente da República defendeu que “todos fizeram o que se encontrava ao seu alcance para conquistarem o voto para as suas causas”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Presidente elencou ainda uma série de “realidades tão relevantes” que vão “coincidir” com “a Assembleia a eleger”: a Conferência Mundial sobre os Oceanos em Portugal, em 2020, a Presidência Portuguesa da União Europeia, em 2021, o revigorar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com cimeiras em 2020 e 2022, e os debates essenciais nas Cimeiras Ibero-Americanas, também em 2020 e 2022.

Marcelo sublinhou também os “desafios de peso” que o próximo Governo terá “pela frente”: superar efeitos negativos da quebra da natalidade e do envelhecimento das populações, das alterações climáticas e de crises vindas de fora, apostar em mais crescimento, em mais emprego, no combate à pobreza e às desigualdades entre pessoas, mas também entre setores litorais e interiores do Continente, e entre áreas deste e as regiões autónomas; assegurar melhor educação e melhor saúde; garantir segurança social para um futuro mais longo, preparar para as mudanças na ciência e na tecnologia que moldarão o futuro.

Perante tudo isto, pedir aos portugueses que votem parece justo e mesmo urgente. Repito, por isso, o que disse em maio, agora por maioria de razão. Não votar é entregar a outros uma decisão que é nossa. E é perder autoridade para lamentar, para contestar, para recusar, o que, ao fim e ao cabo, seja resultado da apatia, do desinteresse ou do comodismo, dos que optem por não optar”, disse.

Marcelo terminou a mensagem de cerca de quatro minutos e meio, dizendo que o pedido que faz “é muito simples”. “Por convicção, por confiança, por rejeição, por realismo, por exclusão de partes – seja qual for a razão do vosso voto, não deixem de votar amanhã. São quatro anos da vossa vida, da nossa vida. São quatro anos decisivos da vida de Portugal“, rematou.