Ginger Baker, o baterista e cofundador da banda britânica de rock Cream, morreu este domingo, aos 80 anos, anunciou a família. “É com muita tristeza que anunciamos que Ginger morreu pacificamente no hospital hoje de manhã”, escreveram familiares na conta do músico no Twitter.

Gary Hibbert, um representante da família, confirmou a morte à agência Associated Press. Ginger Baker ficou mais conhecido enquanto membro dos Cream, com o guitarrista Eric Clapton e o baixista Jack Bruce.

[“I Fell Free”, dos Cream:]

É considerado um dos grandes bateristas da história do rock dos anos 1960, com Charlie Watts dos Rolling Stones, Mitch Mitchell da Jimi Hendrix Experience, Keith Moon dos The Who e John Bonham dos Led Zeppelin. Nascido em Lewisham, um bairro do sudoeste de Londres, em 1939, começou a sua carreira no jazz. Em 1962 é convidado a integrar uma das bandas de blues de Alexis Korner para o lugar de Charlie Watts, que saiu do grupo para integrar os Rolling Stones.

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Em 1966 formou os Cream com Jack Bruce, mas o trio separou-se em 1968, lançando o último álbum em 1969. A banda voltou a juntar-se em 2005, para quatro concertos no Royal Albert Hall, em Londres, e dois no Madison Square Garden, de Nova Iorque.

Foi com os Cream que Baker mostrou as diferentes dimensões que lhe compunham o estilo enquanto baterista: agressivo mas com a noções perfeitas de ritmo, tempo e intensidade; tocava de corpo cheio, entregava-se à bateria dando-lhe toda a carne e nervo que possuía, mas era feito também de elegância. Uma quase bipolaridade que era reflexo de uma personalidade que o próprio descrevia como “temperamental”.

Arrojado na bateria, assinou, para a história do rock’n’roll, um dos primeiros solos de bateria gravados em estúdio, no tema “Toad”:

[no concerto de despedida da banda, no Royal Albert Hall, 1968:]

No seu percurso pós Cream, Ginger Baker mudou-se para África. Na Nigéria montou um estúdio onde tocou com artistas locais — o lendário mestre do afrobeat Fela Kuti foi um dos que por lá passou e o baterista que muito o acompanhou, Tony Allen, lembra sempre Baker como alguém que compreendia muito bem os ritmos africanos, “muito melhor que qualquer outro ocidental”.

AS suas colaborações, no entanto, eram assinadas com músicos vindos de toda a parte e de diferentes linguagens. De tal maneira que a sua ligação ao jazz nunca desapareceu e em 1994 fez um trio com Charlie Haden e Bill Frisell.

Foi com os Cream que teve maior reconhecimento, foi essa a banda que lhe deu mais nome e mais visibilidade, mas Ginger Baker nunca se deixou prender por linguagens ou estéticas. Muito menos pelas vontades ou expectativas dos outros. Dizia o próprio, já entre cirurgias e passagens prolongadas pelo hospital, que era “mau”. Um bom gigante, talvez seja essa a melhor forma de o recordar.