Depois de dois empates consecutivos — um contra o São Paulo para o Brasileirão, outro com o Grémio nas meias-finais da Libertadores –, Jorge Jesus começava este domingo uma série de jogos em que será obrigado a implementar uma gestão do plantel que não tem sido naturalmente efetuada desde que chegou ao Brasil. A braços com vários problemas físicos desde que assumiu o comando técnico do Flamengo, o treinador português perdeu Gabigol devido à acumulação de amarelos, perdeu Filipe Luís para uma entorse e ainda Arrascaeta para uma lesão que o vai afastar dos relvados durante um mês.

Este domingo, contra a Chapecoense que é atualmente a última classificada do Brasileirão, Jorge Jesus não tinha Gabigol, Filipe Luís nem Arrascaeta e apostou em Bruno Henrique isolado na frente de ataque, apoiado por Vitinho, Reinier (que tem apenas 17 anos) e Everton Ribeiro nas costas, e em Renê na esquerda da defesa. Uma semana depois do empate sem golos com o São Paulo, os adeptos da equipa do Rio de Janeiro ficaram ainda a saber que tiveram nesse dia, entre eles na bancada, um jogador que costumam ver no relvado: num vídeo só agora divulgado, o veterano Diego, que está lesionado, revela que assistiu ao encontro com o São Paulo entre os adeptos, escondido por uma máscara de urubu que o tornava irreconhecível. O apoio do jogador ex-FC Porto e Juventus não chegou para garantir a vitória e este domingo, com a Chape, Jorge Jesus precisava de mais do que da presença de um adepto ilustre nas bancadas.

A equipa de Jorge Jesus chegou à vantagem pouco depois da meia-hora, com um golo de Bruno Henrique depois de um cruzamento a partir da esquerda que teve de ser validado pelo VAR devido à posição duvidosa do brasileiro (35′). Com poucas soluções no banco de suplentes — não por falta de quantidade mas por falta de rotatividade e intensidade, o treinador português refrescou a equipa com Lucas e Piris da Motta, os únicos à disposição que costumam ser solução, e o Flamengo conseguiu manter a vantagem mínima até ao apito final. Ainda assim, e principalmente depois da saída de Reinier, a equipa do Rio sofreu nos derradeiros instantes de forma algo inexplicável, por ter perdido o controlo do meio-campo e o discernimento que foi escasseando com o passar dos minutos.

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No final do jogo, essa quebra de intensidade e competitividade por parte do Flamengo originou uma reação de Jorge Jesus que demonstra em toda a linha a vontade que o treinador português tem de ganhar todos os encontros que disputa com a equipa brasileira: numa altura em que os jogadores já celebravam a vitória, ainda dentro do relvado, o treinador entrou em campo e foi dar indicações a vários elementos, de forma a corrigir desde logo — e sem esperar pela descida ao balneário ou pela preparação da próxima partida — os erros que acabaram por não permitir um resultado mais avultado.

Contas feitas e Jorge Jesus regressou às vitórias no Brasileirão e continua na liderança da tabela, numa altura em que entra então num período em que vai perder vários jogadores para as seleções — que acumulam com os vários lesionados. O treinador português continua a surpreender no Brasil, onde lhe davam “60 dias” para acabar por falhar, e explicou na conferência de imprensa após a partida que o Flamengo jogou este domingo “como um campeão joga”. “Sempre a dar o peito às balas. Isso caracteriza os grandes jogadores. O resultado poderia ser maior. Mas o resultado foi melhor que a exibição. Contra o Grémio, fizemos uma exibição extraordinária e só empatamos. Chegámos com oito pontos de atraso em relação ao Palmeiras. Hoje somos líderes isolados e queremos continuar. Vamos defender. Temos Palmeiras, Corinthians, Santos e São Paulo que nos querem tirar a liderança”, disse o técnico português.