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Esqina: não é um erro ortográfico, é o restaurante onde cozinha Nicólas López, um dos melhores da América Latina

Este artigo tem mais de 4 anos

O seu anterior restaurante em Bogotá foi considerado como o 15º mais importante da América Latina. Agora, o chef consultor argentino veio atrás do "entusiasmo" que se sente em Portugal.

4 fotos

A História

Lisbon, Lisbonne, Lissabon, Lisboa: cada vez são mais os idiomas que pronunciam o nome da capital portuguesa para mencionar um destino de férias ou até uma nova morada. No espaço de poucos anos a cidade (e Portugal inteiro, de certa forma), acolheu toda uma vaga de novos moradores vindos de quatro cantos do mundo. Nicolás López é um deles e, apesar de ter nome de craque do futebol, joga entre tachos e dribla com temperos no novo restaurante Esqina Gastro & Cocktail Bar, casa de comidas do igualmente recente Esqina Cosmpolitan Lodge, unidade hoteleira situada no coração da Baixa lisboeta.

“Sou argentino, cozinho há 14 anos e já vivi na Venezuela, na Austrália, Nova Iorque, Noruega, Chile e o meu último poiso foi na Colômbia, em Bogotá.” De forma direta, Nicolás resume quase duas décadas da sua vida em poucos segundos. Trabalhou em restaurantes de renome, navegou entre estrelas Michelin e por duas vezes fez parte do prestigiado ranking do The 5o Best Restaurants of Latin America (a congénere sul-americana da lista global), ambas àconta do seu último projeto, o Villanos en Bermudas, que ocupou a 40.ª posição e, no ano passado, a 15ª. Sempre de ar blasé, de ganga , sapatilhas e T-shirt escura, age com a naturalidade de quem já está em Portugal há muito tempo… só que não. “É verdade, só cheguei há dois meses”, conta, entre risos. O acaso muitas vezes tem destas coisas e o bilhete de Nicolás rumo a Lisboa surgiu de forma surpreendente.

A fachada deste Esqina Cosmopolitan Lodge, que fica no coração da Baixa lisboeta. ©Ramon Melo

“Aborreci-me com as coisas por lá [América Latina] e decidi mudar”, começa por explicar. Foi aqui que a sorte tocou à porta: uma cliente habitual dos seus restaurantes conhecia a mulher de Pedro Drummond Borges, um dos três sócios do projeto (os outros são Diogo Martinez e José Maria Pereira ), e serviu de ponte entre Colômbia e Portugal. “Conheci o Pedro totalmente por acaso, ele estava a preparar-se para abrir este projeto, e acabei por vir para cá.”

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A primeira coisa que comeu quando chegou a Portugal foi bacalhau, não achou “nada de especial”, mas democraticamente remata logo dizendo que talvez não tenha comido “no sítio mais indicado”. Desde então, porém ficou a fã do Prado e da Taberna do Sal Grosso, duas casa lisboetas cujo estilo gastronómico se assemelham ao seu, com comida criativa mas simples. Contudo, por muito que admita que a “gastronomia é o principal” na sua vida, há muito mais para lá disso: “Gosto de assentar em cidades que, mais que a gastronomia, me fascinam pelas pessoas que têm. À parte de cozinhar, gosto de ter uma vida normal. O que motivou mais a vir para cá foi a cidade de Lisboa, por tudo o que aqui se tem passado, as pessoas, a forma como os mais jovens estão a tentar fazer crescer a cidade. É tudo muito entusiasmante.”

O Espaço

Mais do que um hotel, o Esqina Cosmopolitan Lodge é um ponto de encontro em plena Baixa Pombalina. Em vez de uma receção tradicional, o primeiro contacto, logo à entrada, é com o balcão do bar. Informal e energicamente colorido, chama a atenção de quem passa na Rua da Madalena. Diogo, Pedro e José Maria, os sócios por trás do projeto, quiseram que este espaço partilhasse da descontração própria de um pequeno hostel, mas com todas as acomodações para atrair a mais exigente das clientelas. Além de tomar um copo, jantar ou mesmo passar uma noite num dos 35 quartos projetados pela arquiteta Inês Moura e decorados com peças de Manuel Amaral Netto, o Esqina proporciona uma agenda cultural própria.

No pátio interior do Esqina Cosmopolitan Lodge fica parte da sala de refeições do restaurante. ©Marina Abadjieff

Pedro Batista assina a curadoria artística do novo Esqina. Nem só de exposições viverá este espaço, na cave existe uma sala destinada a residências artísticas. O desafio será sempre lançado a um artista português que, por sua vez, convidará um artista internacional para umas semanas de trabalho a quatro mãos. Em contrapartida, além de uma exposição final, os artistas só terão de deixar uma obra para trás. Peça a peça, o hotel há de transformar-se numa pequena galeria, sempre voltada para talentos emergentes.

Além dos visitantes, o Esqina quer ser um ponto de passagem para lisboetas. Visionamentos, workshops e pequenas conferências fazem parte do plano dos três sócios, a par da diversão pura e dura. Às quintas-feiras, no fim da tarde, a promessa é de convívio after work, entre cocktails e música, com ou sem intenções de ficar para jantar. A parte do restaurante é a zona principal desta unidade hoteleira, mal se entra vê-se primeiro o largo balcão de bar, em pedra branca e pormenores metálicos — só depois a zona do check-in. Por todo o Esqina dominam cores fortes, garridas, que se contrastam umas às outras, falamos de combinações como um azul petróleo, um verde quente, um vermelho sangue… Tudo isto se espalha quer pelos quartos e áreas comuns como pelas duas zonas do restaurante, a exterior — que fica no pátio interior do edifício — e a interior, dois ambientes que apesar das diferenças jogam bem com a comida sofisticada que por aqui se serve.

Pormenor da decoração do Esqina Gastro&Cocktail Bar. ©Marina Abadjieff

A Comida

Por muito que Nicolás diga que o que o atraiu mais em Lisboa foram as pessoas não há forma de ignorar a comida. Sobre ela e o panorama gastronómico que se vive na capital, Lopez diz-se entusiasmado pelo que está testemunhar.   “Acho que já começam a surgir imensas pessoas a fazer comida muito lisboeta (pelo menos aos meus olhos, os de alguém que vem de fora), mas com um toque mais sofisticado, como se fosse a vossa ‘comida de casa’ mais tradicional mas de um ponto de vista mais contemporâneo. A Lisboa de hoje é uma capital moderna em que se nota desenvolvimento, contemporaneidade. “ Mas e como é que tudo isto se relaciona com o trabalho do chef? A resposta está no estilo de cozinha simples, criativo, descontraído e muito ligado à sazonalidade.

Já no final da refeição em que mostrou os truques que tinha na manga — ou na ementa, se preferirem — Nicolás explica que neste seu Esqina Gastro & Cocktail Bar pretende mudar a carta com regularidade, sempre que as estações assim o ditarem. Aliás, é precisamente o trabalho com as estações que determina muito daquilo que é a sua cozinha. Um dos primeiros pratos que serviu foi uma combinação de sardinhas curadas com melão, pimento assado e agrião (8,50€), por exemplo, e logo depois chegou uma salada de melancia com ervas aromáticas, alho francês e azeite de salsa (9,50€). A utilização de fruta nestas duas entradas demonstra uma das suas imagens de marca, a utilização de frutos em combinações salgadas, que serve também para explicar a sua grande dedicação à sazonalidade.

O “peixe do dia” com puré de aipo e radicchio. ©Manuel Manso

Nicolás explica: “Gosto muito de fruta, parecem-me ingredientes super interessantes de trabalhar. Acho que ela marca muito as estações, é muito natural para mim, por exemplo, perceber que estamos a mudar de estação quando aparecem algumas frutas mais específicas. Quando surge a melancia percebes logo que o verão está aí, por exemplo.” Quando aqui passar, então, pode contar com produto do mais fresco que há e, por consequência disso, uma ementa que muda com muita regularidade, dada a “dependência” saudável daquilo que a natureza está a dar nesse momento.

Na altura em que o Observador visitou este Esqina o verão já começava a chegar ao fim e no prato isso traduzia-se nos petiscos já mencionados, mas também noutras especialidades como o guloso tártaro de cordeiro com molho holandês e arroz selvagem frito (11€), o igualmente saboroso carabineiro com kimchi, shiso (um tipo de folha japonesa) e alho branco (22€) ou até o “peixe do dia” com puré de aipo e radicchio, sendo a espécie nesse momento um belo robalo (18€). No momento dos doces regressaram as frutas, novamente, sendo elas a estrela da muito bonita tarte de mascarpone com morango (6€) e um ótimo complemento para a mousse de chocolate com amêndoas e kumquat (6€), uma espécie de citrino muito pequeno e cor-de-laranja. Para beber? Uma curta mas concisa carta de vinhos naturais, claro.

A mousse de chocolate com amêndoa e kumquat. ©Manuel Manso

A chegada de Nicolás e o trabalho que está a fazer é mais um bom exemplo da renovação que está a aparecer em Lisboa e Porto, com jovens e talentosos cozinheiros a apostar em comida descontraída mas boa técnica e criatividade. O argentino pode ter vindo atraído pelo que esta geração está a fazer, por essa reviravolta, mas apesar de só estar cá há poucos meses já parece mostrar que se inseriu perfeitamente na realidade que o cativou. 

O que interessa saber

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Nome: Esquina Gastro & Cocktail Bar
Abriu em: Setembro de 2019
Onde fica: Rua da Madalena, 125 , Lisboa
O que é: É o novo e descontraído restauranto do igualmente novo e descontraído hotel Esquina Cosmopolitan Lodge, que fica em Lisboa.
Quem manda:
Quanto custa: Preço médio entre os 25 e os 30 euros
Contacto: 210 522 735
Horário: Todos os dias, das 7h às 22h30 (bar abre às 12h e fecha às 00h); horário de almoço a funcionar a partir de 14/10
Links importantes: FacebookSite

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos restaurantes.

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