Não houve paninhos quentes na análise de Pedro Santana Lopes aos resultados do Aliança. Ainda a noite eleitoral ia a meio, já assumia que o Aliança não tinha conseguido eleger qualquer deputado, o que era “negativo”. “O facto é que correu mal, não correu como nós queríamos”, disse, duas horas depois das primeiras projeções.

De quem é a culpa? Santana não perdeu tempo à procura de explicações internas ou externas. O “primeiro responsável” é ele: “Sou o líder do partido, a responsabilidade é minha”. Ainda que o Aliança não seja “um projeto de um homem só, de uma só pessoa” — como diria mais à frente — e apesar de ser preciso analisar os resultados para perceber o que aconteceu, coisa que acontece já no próximo sábado, numa reunião do senado do Aliança, “que já estava marcada”. Nessa altura, sim, Santana Lopes terá a atitude que considera “correta, digna e decente”: “Chegar a sábado ao Senado do partido e dizer: estou ao vosso dispor”, para ficar ou para sair.

Se quiserem que eu saia, saio. Quando digo ‘ao dispor’ é também para sair. Se entenderem que eu devo continuar, eu acho que tenho essa responsabilidade com o partido.”

Exatamente uma hora antes, Assunção Cristas tinha anunciado a sua saída do CDS, arrastada pelo pior resultado de sempre do partido, sem esperar por qualquer análise ou ponderação conjunta. A diferença? O Aliança não é o CDS: “Se a Aliança fosse um partido com 40 anos, tinha tomado a mesma atitude que a dra. Assunção Cristas, se já fosse um partido estabilizado. O partido ainda não fez um ano!”.

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A propósito, Santana Lopes aproveita para deixar “uma nota pessoal” de apoio à líder do CDS, “como cidadão português, como interessado pela política, independentemente de ser líder partidário”:

Diz-se que em democracia não há justiça nem injustiça, mas assisti, há cerca de uma hora, a uma demissão que teve um sabor a muita injustiça. E porquê? Porque vi a dra. Assunção Cristas combater no Parlamento e combater com determinação e coragem. Mas a vida é assim.”

A vida no Aliança terá, pelo menos, uma certeza: mesmo que, no próximo sábado, o partido entenda que deve continuar, dificilmente será candidato às autárquicas. É pelo menos isso que se percebe pela forma como Santana destaca a importância dessas eleições. Usa o plural para dizer que, no Aliança, “temos” uma “especial motivação” para as autárquicas, mas clarifica: “Não falo por mim, mas como partido”.

Os resultados finais acabariam por confirmar a derrota: sem contar com os dados dos círculos eleitorais da Europa e de Fora da Europa, ainda por apurar, o Aliança conseguiu apenas 0,8%. No total, foram 39.316 votos. Há pouco mais de quatro meses, nas eleições europeias, o partido tinha conseguido quase o dobro: 1,86%, com 61.753 votos.

[Começa agora a prova dos nove. O filme da noite eleitoral]